Partidas e regressos
Octávio Carmo, Agência ECCLESIA
O Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas tem o condão de, anualmente, recordar que o país tem há muitos séculos mais população do que as suas fronteiras encerram e que, afinal, não somos tão pequenos como nos habituamos a pensar. Hoje a questão da emigração voltou à ordem do dia, colocando os portugueses diante da questão de saber se os que partem algum dia voltarão. Pensamos no que se perde, que é muito. Mas outras coisas ficam.
Milhões de portugueses, lusodescendentes e pessoas com ligação direta a Portugal vivem nos cinco continentes e constituem uma das principais riquezas do país, a nível cultural, económico e mesmo religioso. São ainda um questionamento à nossa “portugalidade”: há uma diferença entre ‘estar’ numa terra e ‘ser’ dessa terra. Quem parte nunca deixa de ser e muitos dos que nunca cá estiveram, como os filhos ou netos dos emigrantes, têm Portugal como referência do que são.
Qualquer consideração sobre a questão migratória é, antes de mais, uma reflexão sobre a vida real, a dor, o amor: recordemos o sentimento de tantas mães e avós que viram partir os seus filhos e netos para terras distantes. Partidas e chegadas, encontros e desencontros, diálogos e conflitos com o conhecido e o desconhecido. Que nunca nos esqueçamos disso.