Sinais de esperança João Soalheiro 25 de Novembro de 2008, às 09:33 ... A Igreja Católica tem mostrado, ao longo da sua multissecular história, uma capacidade extraordinária para fazer das suas fraquezas força, revigorando-se por acção de homens e de mulheres que, mesmo contra o sentido geral dos seus contemporâneos, lograram talhar respostas inteligentes e criativas a problemas difÃceis de enfrentar. Alguns catalogadores de realidades, nomeadamente teólogos e profissionais do púlpito, rotularam-nos de profetas... E com essa etiqueta, arrumada e tranquilizante, muitos outros se entregaram ao descanso de consciência, pois, além de ter por múnus próprio pregar no deserto, também é sorte do profeta ser corrido da cidade, para colectivo sossego. Os Bens Culturais da Igreja apresentam-se hoje em dia como uma herança cheia de potencialidades, mas pesada. Em muitos casos, não se sabe lá muito bem o que fazer com velharias que entopem os anexos das igrejas e dos salões paroquiais e também não se tem revelado fácil abrir a bolsa, sempre magra, para investir através de um corpo de técnicos qualificados na preservação de uma herança bastas vezes ignorada, quando não mal amada. Felizmente, o cenário está a mudar um pouco por todo o PaÃs. É certo que ainda falta muito para que o património eclesial se revele como lugar de evangelição, de pastoral, de cultura e de desenvolvimento, como o desejaram os delegados do «I Conselho Nacional dos Bens Culturais da Igreja», no passado mês de Junho. Mas alguns passos entretanto dados, aliás na esteira de muitos outros, alimentam a fundada esperança de um futuro melhor. Os Arquivos da Igreja são hoje um exemplo positivo nesse sentido, embora a consolidação dos esforços exija ainda verdadeiro apostolado, muita perseverança e toda a entrega. Entenda-o quem o quiser entender! Na Diocese da Guarda os trabalhos de organização e de descrição da documentação avançam com uma técnica superior e o apoio da Fundação Calouste Gulbenkian. Na Diocese de Lamego foram recentemente inauguradas as instalações fÃsicas, criadas de raiz, para acolherem os acervos documentais. Na Diocese de Setúbal estuda-se neste momento o projecto de um centro cultural que irá acolher o arquivo, a par de outras valências. Na Diocese de Viseu o projecto do arquivo já entrou nas preocupações dos seus responsáveis, com garantias de desenvolvimentos próximos e seguros. Na Diocese de Angra dão-se os primeiros passos para a instalação de idêntico serviço. No Patriarcado de Lisboa a dedicação de técnicos superiores vê-se reforçada com a generosidade de uma formidável equipa de voluntários, o que se traduz na multiplicação de projectos apoiados por diferentes instituições. Um ano depois de a Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais ter assumido a dinâmica dos Arquivos da Igreja como a prioridade de actuação na área dos Bens Culturais da Igreja, os sinais de empenhamento das instituições eclesiais começam a aparecer e a multiplicar-se. Também isso deve ser motivo de acção de graças. O património cultural da Igreja é um bem sensÃvel. O respeito pelo património cultural da Igreja, a começar naqueles que têm o dever da sua custódia, é um bem ainda mais delicado. Não pelo património em si, mas pelas pessoas que ele em definitivo congrega. Nele, com efeito, estão consagrados as lágrimas e o sangue de gerações. E todos, independentemente das pertenças, podemos reconhecer nesse sangue e nessas lágrimas sinais maiores de comunhão. Não é preciso correr os riscos dos profetas para cumprir um tal desÃgnio! Comissão Episcopal Bens Culturais Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...