Um mundo em mudança
Octávio Carmo, Agência ECCLESIA
2015 foi um ano marcado por muitas mudanças, da vida política nacional ao fim da ‘indiferença’ da Europa face a fenómenos como o terrorismo ou a crise dos refugiados, que acabaram por chegar ao seu coração. A crise na Síria, a violência do Estado Islâmico e de outros fundamentalistas e os persistentes “problemas” do sistema financeiro foram outros pontos negros destes meses, que ainda assim deixam alguns sinais de esperança para o futuro, em termos de perspetivas de paz e da responsabilidade pela preservação da nossa casa comum, como se viu na Cimeira do Clima de Paris.
A nível eclesial, 2015 fica marcado pelo debate alargado em volta das questões familiares, por força da segunda assembleia do Sínodo dos Bispos que o Papa promoveu. Em Portugal, foi tempo para a visita ‘ad Limina’ dos bispos, que ouviram elogios e recomendações de Francisco e das várias instituições da Santa Sé, indicações que serão fundamentais para moldar o futuro imediato nas várias dioceses.
Sem que o rebentar de um novo ‘vatileaks’ tenha colocado em causa a sua popularidade, o Papa esteve verdadeiramente no centro do mundo ao lançar a sua encíclica ‘Laudato Si’, dedicada a questões ecológicas. Mais do que as questões técnicas sobre as alterações climáticas, esta carta magna aponta um novo rumo para a humanidade, com uma visão espiritual sobre a relação de cada pessoa com o planeta, à luz da fé no Criador.
A misericórdia, tema fundamental no atual pontificado, surgiu depois como referência para a celebração do terceiro ano santo extraordinário na história da Igreja Católica. Um Jubileu com o qual o Papa Francisco quer deixar a sua assinatura num momento conturbado a nível mundial, com uma mensagem de esperança e de revalidação do papel do Cristianismo.
Num ano de guerras e atos terroristas, o Papa conseguiu fazer mensagens de paz, em particular numa histórica viagem a África e noutra igualmente memorável visita a Cuba e aos Estados Unidos da América, depois de ter ajudado ao ‘degelo’ nas relações destas duas nações. Já em janeiro, na Ásia, Francisco consolidou a sua dimensão universal, nas Filipinas e no Sri Lanka, confirmando-se como a voz do ‘Sul’ e das populações desfavorecidas no seu regresso à América Latina, onde passou pelo Paraguai, Equador e Bolívia.