O Pe. Jean-Paul Hoch, novo Superior Geral dos Espiritanos, partilha com a Agência ECCLESIA as suas perspectivas sobre o trabalho missionário da Congregação nos 5 continentes
Os delegados, eleitos pelos 3000 Missionários do Espírito Santo que trabalham em 54 países, depositaram a máxima confiança no Pe. Jean-Paul Hoch, de 59 anos. O novo Superior Geral dos Espiritanos, nasceu em França em 1945; fez a sua primeira profissão em 1963. Licenciou-se em Filosofia em Roma (1967), estagiou no Congo Brazzaville (1967/69) e fez um ano como prefeito em Saverne, terra natal do Pe. Libermann. Fez altos estudos em matemáticas na universidade de Estrasburgo (1970-1975) e licenciou-se em Teologia na mesma universidade.
Foi ordenado sacerdote em 1978, trabalhando na República Centro Africana durante dez anos. Em 1988 foi eleito 1º Assistente da Província de França, cargo que exerceu até ser eleito Provincial, em 1991.
Terminado o mandato em 1997, estudou chinês em Paris até ser nomeado para Taiwan, onde se encontrava desde 1998 como coordenador de uma equipa internacional. Nesse país era responsável pela paróquia do Espírito Santo, em Hsinchu, um dos dois centros onde se desenvolvia a pastoral junto da comunidade anglófona.
Agência ECCLESIA – Quais são os desafios de liderar uma Congregação Religiosa no mundo actual?
Pe. Jean-Paul Hoch – A nossa Congregação está comprometida, em numerosos países, nos desafios do diálogo inter-religioso, do diálogo com o mundo, procurando construir pontes entre culturas e fazer jus à nossa condição de Congregação internacional.
Assumimos ainda missões extremamente difíceis, como é o caso do apoio aos refugiados, por exemplo, e penso que de modo geral, devemos encorajar estes esforços e todos os nossos religiosos a permanecerem unidos na sua Missão.
Este trabalho será feito em conjunto com outros seis assistentes gerais (entre os quais um português, ndr) provenientes da África, América e Europa e representando o conjunto da Congregação.
AE – A sua missão mais recente foi no Taiwan. O continente asiático continua a representar uma espécie de “última fronteira” para o Cristianismo?
JPH – Não colocaria as coisas nesses termos, porque há na Ásia países como as Filipinas, com mais de 90% de católicos, que não pode ser considerado um país de nova missão. Depois, há a Coreia do Sul ou o Vietname, por exemplo, com comunidades cristas importantes.
É evidente que em muitos países a presença cristã é muito minoritária, como na China, mas penso que, neste momento e como pudemos constatar no nosso Capítulo Geral, todos os países têm necessidade de um anúncio renovado do Evangelho, sobretudo na Europa e na América do Norte. Tomámos consciência de que a Missão está em todos os lugares do mundo, todos os países sentem a urgência do testemunho do amor de Deus pelos homens, sobretudo os que mais sofrem.
Não podemos esquecer, contudo, que a China constitui um universo imenso, de milhões e milhões de pessoas, não podemos deixar de nos interessar por esta parte do mundo de forma particular, continuando o anúncio que é feito há muitos séculos.
AE – A Missão dos Espiritanos não é avaliada em função do número de conversões...
JPH – É verdade que nós somos enviados como testemunhas, para que o Evangelho seja conhecido. Se houver quem se torne efectivamente cristão, isso é uma graça que nos vem de Deus, mas nós somos enviados para semear e os resultados não dependem de nós: não vamos à procura de estatísticas.
AE – Esse é um caminho novo para a Igreja?
JPH – Sim e não. Os nossos fundadores, há 300 anos, já nos diziam que o principal era “ser santos”, dar testemunho, amar as gentes a quem somos enviados.
Não quero com isto dizer que não estejamos interessados em que a comunidade cristã se implante.
AE – A vossa Congregação acaba de passar por um Jubileu dos 300 anos. O tempo é de novos desafios?
JPH – Essa celebração não foi, de facto, um mero regresso ao passado, mas um apelo para partir com novas forças, um novo dinamismo, mais coragem.
Aquilo que procurámos captar do passado é o espírito que animou os nossos fundadores e quem nos precedeu. O momento é agora, de olhar para o futuro.