Diocese do Porto inaugura Casa Sacerdotal Voz Portucalense 27 de Julho de 2005, às 11:38 ... Entrevista de D. Armindo Lopes Coelho à Voz Portucalense Por ocasião da bênção e inauguração da Casa Sacerdotal da Diocese do Porto, que está marcada para as 15h00 do dia 29 de Julho, a Voz Portucalense entrevista Bispo da Diocese, D. Armindo Lopes Coelho. O Prelado clarifica nas suas respostas aspectos importantes do processo de concepção, planificação, desenvolvimento e conclusão de tão importante projecto. A concepção de um projecto Voz Portucalense – Definiu a construção da Casa Sacerdotal como uma das prioridades, em termos de estruturas materiais, da sua missão como Bispo do Porto. Que razões fundamentaram esta sua opção? D. Armindo Lopes Coelho – Não me parece que tenha definido a construção da Casa Sacerdotal, em sentido estrito, como uma das prioridades da minha missão como Bispo do Porto. Compreendi e afirmei que os sacerdotes da Diocese têm direito a uma Casa Sacerdotal condigna. E para tal era importante escolher o local (e neste ponto teve um papel decisivo o Conselho Presbiteral), fazer elaborar e aprovar um projecto com dimensão suficiente e qualidade adequada, expor o projecto a concurso publico, adjudicar a obra convenientemente, acompanhar e fiscalizar a construção, e confiar a uma equipe técnica responsável todo o processo de construção e superação das inevitáveis dificuldades emergentes. Três núcleos, para situações diferentes VP - Quais as dimensões e sentidos da construção desta Casa Sacerdotal? DALC - A Casa Sacerdotal é constituÃda por três núcleos: núcleo 1 com três quartos; núcleo 2 com 12 quartos, e núcleo 3 com dezoito apartamentos habitacionais. O núcleo 1 é constituÃdo por uma casa que já existia e foi comprada à Segurança Social. Os núcleos 2 e 3 foram construÃdos de raiz, de modo que o complexo assim constituÃdo tem unidade funcional. Naturalmente, pelos três núcleos estão localizados: Recepção, cozinha, refeitório, lavandaria, salas de estar e de visitas, serviços administrativos, capela, sala de convÃvio, enfermaria, biblioteca, instalações de recuperação fÃsica e meios de tratamento por hidroterapia. Foi elaborado e aprovado um Regulamento que contempla as várias modalidades de utilização e funcionamento da Casa Sacerdotal. Foi nomeado um Director e está a trabalhar uma comissão de instalação, a fim de que os candidatos possam encontrar a casa devidamente mobilada e apta a recebê-los, de harmonia com as modalidades oferecidas e as opções feitas. Porque a Casa Sacerdotal foi concebida e construÃda para utentes em situações diferentes, de idade, de saúde, etc. Integração na Casa da Torre da Marca VP - A Casa Sacerdotal está integrada num conjunto de outras valências. Que linhas orientaram a sua integração e como avalia, agora que as obras se concluem, a pertinência do projecto, particularmente a relação com a Casa da Torre da Marca e o Centro de Cultura Católica? DALC – Quando se resolveu construir a Casa Sacerdotal nos terrenos da Torre da Marca, já existia a Casa da Torre da Marca, com capacidade habitacional limitada, até em virtude da presença do Centro de Cultura Católica no mesmo Palácio. Só o facto de se tratar de um monumento nacional qualificado retirava à Casa da Torre da Marca quaisquer hipótese de ser transformada na Casa Sacerdotal que se desejava, além de que nunca se pensou extinguir ou transformar o Centro de Cultura Católica. O facto de a nova Casa Sacerdotal poder usufruir de áreas (jardins) de lazer comuns à Casa da Torre das Marca e ao Centro de Cultura Católica não deve, creio, criar problemas de qualquer espécie. São instituições com capacidade de boa vizinhança e de convÃvio sadio. Além de que o Centro de Cultura Católica sempre, neste processo, foi entendido como vizinho aliciante e aberto aos moradores da Casa Sacerdotal. De harmonia com as possibilidades e circunstância de qualquer ordem. Responder a situações que exigem reconhecimento VP - Uma obra desta envergadura enriquece o património da Diocese, material e espiritualmente. Como interpreta esta dupla dimensão? DALC – Não haverá dúvida de que esta obra enriquece o património espiritual da Diocese. Satisfaz um direito humano, responde a situações que exigem reconhecimento e gratidão, ameniza ou elimina preocupações quanto ao futuro dos sacerdotes e seus servidores, possibilita maior disponibilidade para actos de fraternidade e caridade, torna a vocação sacerdotal menos aventureira, menos insegura e mais normal no contexto da sociedade. É um enriquecimento espiritual, sem dúvida, para a Diocese. Quanto à dimensão material dirÃamos que a Casa Sacerdotal redunda numa mais valia. Se é certo que motivou e estimulou ajudas financeiras, a sua construção resultou sobretudo do financiamento por parte da Diocese. Contributos e colaboração VP - A realização do projecto implicou parcerias e interacção com outras entidades, como a Câmara Municipal, o Estado, entidades bancárias e empresa construtora. Que avaliação faz desta interacção? DALC – O problema das parcerias e interacções com outras entidades é bastante complexo e complicado. Até meados de Julho (de 2005) a despesa total foi de euros 5.759.210,74, assim justificada: núcleo 1: euros 571.036,99 (euros 200.000 da compra da casa e 371.036,99 de obras); núcleos 2 e 3: euros 5.188.173,75. Do Estado (ou fundos estruturais europeus) não recebemos qualquer comparticipação ou ajuda. Houve protocolos assinados por ambas as partes, mas nenhum foi respeitado. Nenhuma candidatura foi seleccionada. Da Câmara Municipal do Porto recebemos todos os apoios necessários, quer na área das burocracias quer mesmo da isenção de taxas camarárias. As ofertas particulares, entre 2002 e 2005, somaram euros 282.946,10. O Contributo Penitencial (de 2003 e 2004) somou 300.978,79. Há que sublinhar o contributo oferecido nestes anos pelos Religiosos e religiosas da Diocese no Dia dos Consagrados (2 de Fevereiro). Há ainda que referir alguns empréstimos e uma linha de Crédito de um banco para o prosseguimento desta obra, que obrigam a Diocese e que deverão ser quitados a seu tempo. Para terminar, diria que o nosso relacionamento com os Arquitectos, Empresa Construtora e Empresa fiscalizadora tem sido excelente, o que supõe o cumprimento rigoroso dos contratos. A resolução de um problema e resposta a um direito VP - Considera a conclusão desta casa como uma espécie de “obra simbólica†da sua missão como Bispo do Porto? DALC - Nunca pensei em qualquer “obra simbólica†como marca da minha acção ou actividade episcopal no Porto. Nem fico a pensar. A questão da Casa Sacerdotal andava na minha cabeça antes de eu ser Bispo auxiliar do Porto, quando fui presidente da Fraternidade Sacerdotal. Era um problema de toda a Direcção da Fraternidade, porque era problema de muitos sacerdotes. E por isso me apraz ver agora resolvido este problema. VP – Que outros aspectos deseja salientar? DALC – Desejo apenas retomar e concluir o que dizia como resposta à questão anterior. A Casa Sacerdotal está concluÃda no local que foi escolhido em votações livres. Estarão obviamente insatisfeitos os que preferiam outro lugar e os que mudaram de opinião. Foi aprovado um projecto que pareceu de qualidade aos que foram chamados a pronunciar-se. É natural que outras ideias e outros projectos não tenham conseguido impor-se. Foi redigido e aprovado um Regulamento para o mais correcto funcionamento, convÃvio e felicidade dos residentes. Esperamos que estas bases sejam suficientes e válidas para que a Casa Sacerdotal realize as finalidades que lhe são inerentes. Como tive ocasião de dizer, mais que uma vez, os sacerdotes da diocese têm direito a uma Casa Sacerdotal condigna. Aà está a Casa, como satisfação e resposta a um direito. Oxalá que este direito seja completado e sublimado pelas virtudes, humanas cristãs e sacerdotais, bem necessárias nesta nova comunidade que a Diocese do Porto inaugura como dimensão espiritual para o seu Presbitério. Diocese do Porto Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...