Ide e anunciai
D. António Couto, presidente da Comissão Episcopal das Missões e da Nova Evangelização apresenta o tema das Jornadas Missionárias, que este ano são também Jornadas da Pastoral Juvenil. O dinamismo missionário da Jornada Mundial da Juventude será recordado e apresentado nos dias 20 a 22, em Fátima, onde os jovens terão uma participação relevante
Agência ECCLESIA (AE): " Missão @dgentes - Ide e anunciai" é o tema das próximas Jornadas Missionárias. Com que novidade o mandato de há dois mil anos será analisado?
D. António Couto (AC): A escolha é claramente por causa do tema da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro (Brasil), porque ainda estamos no ano das jornadas e porque a juventude também vai participar. A nossa organização juvenil das JMJ também vai estar presente nestas Jornadas Missionárias.
Vamos pela primeira vez ter uma espécie de fusão entre aquilo que é a organização das jornadas propriamente missionárias e também das JMJ. Eles vão estar presentes e portanto vai haver uma simbiose muito jovem. Serão umas jornadas muito jovens com teor missionário. O “Ide” significa não ficar aqui, nem ali e não ficar assim. Implica mudar. Por isso vamos tentar imprimir este “Ide” no coração e na alma de cada participante e também daqueles que tiverem acesso através de outros meios, por exemplo da comunicação social, a estas jornadas. Como referi, elas vão ter um teor particular porque a juventude das JMJ também vai ter vez e voz nestas jornadas missionárias.
AE: As palavras do Papa Francisco e o ambiente da JMJ estarão presentes? O encontro foi um momento novo de evangelização?
AC: Sim, estará presente. Os jovens encarregar-se-ão desse colorido e desse tom, não só naturalmente mas também com expressões que eles acharem mais oportunas, como o canto, a dança, a oração… E, vai estar presente, sim, o estilo do Papa Francisco. Hoje, não há outra maneira de vermos a Igreja de uma forma simples, alegre, dedicada e apaixonada mas completamente simples, dedicados aos outros.
É esse o caminho por onde temos de ir. É esse o caminho que temos de abrir porque ele não está aberto de todo. Ainda estamos longe de o ter bem aberto. Isto são lampejos que estão a surgir… É esse o caminho que nos pode unir e reunir a todos e que também nos pode ajudar porque quando nós estamos unidos juntos conseguimos ultrapassar qualquer crise. Portanto, pode-nos ajudar nomeadamente a ultrapassar as crises mais diversas em que estamos envolvidos.
AE: A Jornada Mundial da Juventude foi uma oportunidade de evangelizar aqueles que podiam estar mais distraídos?
AC: Sim, houve com certeza muita juventude que foi ao Rio de Janeiro não tanto por causa do Papa Francisco, nem por serem as JMJ, mas para verem o espetáculo que ia acontecer. Mas além do espetáculo temos de lhes dizer que há outra teoria, outro espetáculo que acontece dentro de nós. É para aí que temos de apontar.
Penso que muitas pessoas foram ao Rio de Janeiro devido à imensa multidão de jovens e nós sabemos todos que os jovens adoram ver grandes multidões. Um jovem sozinho não faz nada, mas uma multidão de milhões é excecional. Depois, cada um há sua maneira foi tocado no seu coração, não só pelas palavras do Papa Francisco mas também pelos testemunhos dos outros jovens e é isso que nós também queremos fazer nas nossas Jornadas Missionárias e que vão ter a clara participação da JMJ.
Penso que nos devemos preocupar por tocar as “cordazinhas” mais finas do coração das pessoas, que se calhar já não tocam há muito tempo. Nós tocamos as mais grossas, mas as fininhas quase nunca são tocadas e são é essas cordinhas fininhas que temos de por a tocar. Isso é, sem dúvida, a nova evangelização, ainda que seja claro que não são tanto novos métodos, nem novas estratégias, nem novos andaimes, é sobretudo uma fidelidade nova, mais intensa para com o Senhor Jesus. Nós não podemos fazer sozinhos uma evangelização nova. Temos de fazer sentir aos jovens e aos menos jovens, a todos, que na minha vida Cristo está comigo, na tua vida Cristo está contigo e que na nossa vida Cristo está connosco e no meio de nós, isso é a nova evangelização.