Internacional

Ambiente: Países em mais de 1700 «guerras invisíveis» por recursos naturais

Agência Ecclesia
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Conflitos registam-se mais no hemisfério sul, denuncia rede internacional de investigadores

Cidade do Vaticano, 08 jun 2016 (Ecclesia) – A rede internacional ‘Atlante Global pela justiça ambiental’ alerta que existem atualmente 1.746 “guerras invisíveis” por recursos naturais, quando há dois anos eram 920, segundo dados aproximados.

“Assistimos a uma escalada preocupante dos conflitos socioambientais nas chamadas ‘fronteiras do extrativismo’, isto é, território onde se concentram os recursos que, porém, antes não sofriam uma exploração assim intensiva", explica Daniela Del Bene, uma das coordenadoras do projeto.

Ao jornal ‘Avvenire’, da Conferência Episcopal Italiana, a investigadora alerta que a “razão” dos conflitos é a “obsessão pelo aumento da produção e o consumo".

De recordar que o Papa Francisco na Encíclica ‘Laudato Sí’ alerta para “a distorção conceitual da economia” quando nãos e faz uma avaliação apurada do impacto socioambiental de um determinado projeto.

“As diretrizes para uma solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza para restituir a dignidade aos excluídos e ao mesmo tempo para cuidar da natureza”, acrescentou o Papa no documento que faz um ano a 18 de junho.

A rede ‘Atlante Global pela justiça ambiental’ é formada por 23 universidades e assinala que os dados divulgados não são exatos porque “não é possível” obter informações “confiáveis de todos os lugares do planeta”.

A Rádio Vaticano divulga que existem “verdadeiros buracos negros” de informação em países como a China, o sudeste asiático, o Brasil e o México, mas os cientistas continuam a trabalhar para completar o mapa com todos os dados e “o número de conflito poderia chegar aos três mil”.

O hemisfério sul “é o que mais sofre com a caça aos recursos”, registando 63% dos conflitos, sobretudo em extração e nas áreas rurais.

“É o que acontece agora, por exemplo, na Amazónia brasileira, ou no arco do Himalaias, explorado pelas indústrias hidrelétricas da Índia, Nepal, Butão e China", exemplifica.

Os Estados Unidos da América estão em quarto lugar na classificação da rede internacional de cientistas, “com pelo menos 69 conflitos”, e no hemisfério norte registam-se também “tensões” no Canadá, Espanha, Inglaterra e Polónia

A rede ‘Atlante Global pela justiça ambiental’ contextualiza que as disputas por minérios e pelo petróleo envolvem colossos da mineração mundial, governos, populações e a “violência gerada” acumula vítimas diretas, como os 250 ativistas ambientais que foram assassinados nos últimos dois anos, três quartos na América Latina.

Os danos indiretos dos conflitos por urânio, carvão afetam as populações residentes nas áreas onde se concentram os recursos são obrigadas a resistir para “defender seus direitos à terra, água e ar limpo”.

Segundo divulga a Rádio Vaticano, a lista tem nos três primeiros lugares a Índia, com 223 “guerras ambientais”, a Colômbia, com 117, e depois com 73 a Nigéria; 13 das 15 nações mais problemáticas estão no “sul do mundo”.

CB



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