Internacional

Cursilhos: Movimento subsiste em Cuba e na Venezuela apesar das muitas dificuldades

Agência Ecclesia
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Responsável português destaca «engenho, coragem e voluntarismo» das comunidades cristãs locais

Lisboa, 22 jun 2016 (Ecclesia) – O comité executivo do Movimento Mundial dos Cursilhos de Cristandade (MMCC), sediado em Portugal, promoveu recentemente em Cuba um encontro internacional para debater a situação dos cursilhos naquele país e nos vários continentes.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, o presidente do comité executivo, Francisco Manuel Salvador realçou a natureza “histórica” do evento, primeiro “por ter sido realizado em Cuba”, onde os cursilhos subsistem apesar das muitas dificuldades.

Depois de várias décadas de interregno, devido à repressão do regime comunista de Fidel Castro, “os cursilhos renasceram em Cuba em 1998, de forma clandestina”.

Desde então, e apesar de todas as condicionantes ao nível económico e social, da liberdade e do próprio direito ao culto e à reunião, já foram realizados naquele país mais de 100 cursilhos.

“É um povo que vive muito controlado, muito condicionado”, mas “que sabe ultrapassar estas dificuldades com engenho, com criatividade mas sobretudo com muita coragem”, descreveu Francisco Manuel Salvador.

Durante o encontro em Cuba, na cidade de Cienfuegos, os participantes tiveram oportunidade de debater também o drama da comunidade cursilhista na Venezuela, um país hoje tomado por um contexto “de grande dor, de grande insegurança, de enorme convulsão social”.

“Faltam alimentos, faltam os bens mais essenciais, do pão ao papel higiénico, não há nada”, aponta Francisco Manuel Salvador, que visitou Caracas em novembro último.

Mesmo assim, ainda no último fim-de-semana, terminaram lá seis cursilhos.

“Não se faz uma ideia do que é obter comida, juntar 35, 40 pessoas, alimentá-las durante quatro dias, para que não saiam do sítio em que estão porque o cursilho é feito em regime de clausura, isto para um europeu é inimaginável”, realçou o dirigente português do MMCC.

“Mas os nossos irmãos venezuelanos conseguem encontrar soluções, com muita dificuldade, apelando à boa vontade de todos e sobretudo ao voluntarismo de uma imensa molde de pessoas que está cada vez mais unida em torno do movimento”, completou.

Em Cienfuegos, os delegados presentes constaram por outro lado o crescimento do MMCC na Ásia e na África, tendo como base países como a Coreia do Sul, o Vietname, e a África do Sul.

“Como a África do Sul neste momento já é uma potência dos cursilhos de cristandade, já tem experiência, há dinamismo suficiente para lançar os cursilhos nos países limítrofes, Namíbia, Tanzânia, Togo, Moçambique, Uganda, de uma forma mais estrutura”, explicou Francisco Manuel Salvador.

O objetivo passa por “criar escolas, dirigentes, secretariados que possam representar e estruturar o movimento nesses países”

Criado em 1944 pelo espanhol Eduardo Bonnin, o MMCC tem na sua génese a evangelização cristã e já tocou cerca de 11 milhões de pessoas em todo o mundo.

Atualmente está presente em cerca de 60 países de quatro continentes: Europa, América, Ásia e África.

O continente americano continua a ser o território onde o movimento tem maior expressão, mas está em marcha também a expansão dos cursilhos no espaço europeu, perspetivando-se num futuro próximo a entrada em países como “a Bulgária e a Polónia”.

“É muito interessante perceber que este movimento nascido em Palma de Maiorca, uma pequena ilha de Espanha, consegue ter expressão e o mesmo efeito prático em todo o mundo, com todas as línguas, mentalidades e culturas. E isso é um sinal muito positivo”, concluiu Francisco Manuel Salvador.

JCP



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