Moçambique: Arcebispo de Maputo espera que Sínodo ajude a formar famílias «mais fortes»
D. Francisco Chimoio mostrou-se impressionado com a realidade em que muitos cristãos vivem a sua fé
Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano, com Ricardo Perna da ‘Família Cristã’
Cidade do Vaticano, 25 out 2015 (Ecclesia) – O arcebispo de Maputo, D. Francisco Chimoio, mostrou-se satisfeito com o desenrolar do Sínodo dos Bispos sobre as famílias e espera que os trabalhos ofereçam força e coragem às famílias católicas.
“Queremos ajudar as famílias a ser cada vez mais fortes”, declarou o prelado moçambicano, em declarações à Agência ECCLESIA e Família Cristã, em Roma.
O arcebispo, que participa nos trabalhos da 14ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a família, elogiou as famílias “corajosas” que dão o melhor de si próprias face às dificuldades do seu quotidiano, com “amor, transparência e responsabilidade”.
Após o final deste percurso de reflexão, o “grande trabalho” é acompanhar todas as famílias, para as “alertar e fortalecer”.
D. Francisco Chimoio deixa críticas à ideologia do género, que “mina as bases da família”, antes de reconhecer que o debate sobre o acesso dos divorciados recasados à Comunhão causou alguma tensão, sublinhando que os bispos nunca “colocaram em questão a doutrina”.
“Eu, como bispo, não posso dizer a um cristão ou a uma cristã, sabendo que não está em graça, que vá comungar”, observou.
Para o arcebispo de Maputo é necessário “acompanhar, não se pode apontar o dedo a ninguém, não se pode desprezar alguém porque falhou”, mas “acompanhar não é dizer que está tudo bem: é dizer a verdade, porque é esta que salva”.
O responsável mostrou-se impressionado com a situação em que muitos católicos vivem, por todo o mundo, e diz que também por isso o Sínodo “foi um momento de graça”.
Além das perseguições religiosas e do fundamentalismo, muitos cristãos enfrentam os ataques do laicismo, “uma onda que há de passar com o tempo, porque não é possível que as pessoas se sintam felizes longe da presença de Deus”.
Em Moçambique começam a sentir-se os desafios do “materialismo e do relativismo” potenciados pela globalização, para além dos problemas levantados pelos casamentos de muitas mulheres com muçulmanos e deixam de fazer parte da comunidade cristã.
“É um grande desafio que temos”, admite D. Francisco Chimoio.
Nos trabalhos da assembleia sinodal, o prelado moçambicano abordou a dimensão “missionária” das famílias, que podem dar um “impulso” à ação da Igreja Católica, a começar pelos próprios filhos, na sua iniciação à fé.
O responsável fala do Sínodo como um “encontro de irmãos” e descarta uma “regionalização” da Igreja Católica, evidenciando a centralidade da figura do Papa, “um pastor para todos”.
“É saudável isto, porque senão não temos unidade. Esta é a casa de todos, o Vaticano é a casa de todos”, referiu, sublinhando que os bispos não trabalham “sozinhos”.
D. Francisco Chimoio abordou ainda a nova responsabilidade que as dioceses assumem com a criação dos chamados “processos breves” em relação a uma eventual declaração de nulidade matrimonial.
“Não vai ser um trabalho simples”, admite.
RP/OC
Sínodo dos Bispos