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Cinema: Lawrece da Arábia

Margarida Ataíde
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Não se trata, evidentemente de uma estreia, mas da reposição do clássico épico realizado por David Lean (‘A Ponte do Rio Kwai’, ‘Doutor Jivago’, ‘Passagem para a Índia’) em 1962 que, remasterizado agora em versão digital, regressa aos cinemas portugueses. A história é baseada na biografia de Thomas Edward Lawrence (1888-1935), ‘Os Sete Pilares da Sabedoria’, e no determinante papel que, ao serviço do governo britânico, o tenente assumiu na Revolta Árabe entre entre 1916 e 1918.

A 5 de Junho de 1916, em plena Primeira Guerra Mundial, forças comandadas pelo xerife Hussein bin Ali, xerife e emir de Meca e autoproclamado Rei de Hejaz, atacam a guarnição otomana de Medina, com o intuito de conseguir a independência dos turcos otomanos e criar um estado árabe unificado que se estendesse de Alepo, na Síria, até Aden, no Iémen. Cinco dias mais tarde é oficialmente proclamada a Revolta Árabe em Meca e o xerife conta com grupos rebeldes como aliados que tentam conquistar o domínio de portos estratégicos ao longo do Mar Vermelho.

Perante tais investidas, apoiadas pela Alemanha, o governo britânico retalia o ímpeto do domínio turco, reforçando a capacidade de defesa das forças árabes através da sua frota naval. No entanto, apesar do sucesso desta resposta, rapidamente percebe o risco que enfrenta, ameaçado da perda de poder sobre a região do médio oriente.

Em 1917, recruta o tenente T.E. Lawrence, oficial, agente secreto e arqueólogo que se destacara pelo seu trabalho nas escavações promovidas pelo Museu Britânico nas margens do rio Eufrates, pela adesão à causa e admiração nutrida pela cultura árabes, a fim de estreitar relações com Faiçal, filho de Hussein bin Ali (e posteriormente primeiro Rei do Iraque) e contribuir para o que viria a ser o despertar do nacionalismo árabe.

Um homem à frente do seu tempo com uma personalidade enigmática que até hoje gera paixão e controvérsia, ‘Lawrence da Arábia’ (também designado entre os árabes ‘Al Aurens’), são a sua biografia e o trabalho jornalístico de um repórter encarregue de seguir a campanha a par e passo que dão origem a um dos mais extraordinários épicos da história do cinema.

Contando com avultados meios de produção que oferecem magníficos cenários, sobretudo da Jordânia, e revelam uma extraordinária capacidade de coordenação e direção de David Lean, o argumento do filme é estruturado sobre os principais episódios da vida do oficial, imortalizando, aos 30 ano de idade, o maior e melhor papel da vida de Peter O’Toole.

Vencedor dos Oscars nas categorias de melhor filme, realizador, montagem, direção artística, som e banda sonora, ‘Lawrence da Arábia’ arrecadou ainda os Bafta (prémios da Academia Britânica de Cinema e Televisão) para melhor ator e argumento.

Um clássico, tecnicamente renovado, a não perder na plena potencialidade de um grande ecrã, para rever, pensar ou repensar um momento da história mundial, centrada nas relações entre a Europa e o Médio Oriente. As que configuram o mundo, tal como hoje o conhecemos.

Margarida Ataíde



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