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Cinema: Professor Lazhar

Margarida Ataíde
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Numa escola do Quebeque, Canadá, uma turma de alunos perde a professora quando esta se suicida.  Para a substituir, apresenta-se à direção o Sr. Lazhar, um professor afável com quase vinte anos de experiência, de origem argelina, a quem a diretora informa do sucedido e da necessidade de uma atenção especial aos meninos que lidam com uma perda irreparável.

Aceite, o professor enceta a sua relação com a turma de forma simpática e assertiva, enfrentando a distância, a desconfiança e a curiosidade dos alunos. Aos poucos, ajudando-os a ultrapassar a perda sofrida, quer pela sua atitude quer pelos conteúdos que escolhe para lecionar – e que incluem a literatura, a distância entre Lazhard e as crianças vai-se dissipando. Lazhar, refugiado por motivos políticos, que perdeu a sua família na Argélia e teme pela sua situação de cidadão canadiano de pleno direito, conhece bem o sentimento dos alunos... 

Nomeado para o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2011 (que ‘perdeu’ em favor do belíssimo ‘Uma Separação’, de Asghar Farhadi) e galardoado com o Prémio SIGNIS (Asssociação Católica Mundial para a Comunicação) no Festival Internacional de Cinema de Hong Kong 2012, ‘Professor Lazhar’ é a primeira estreia da recém-criada distribuidora Vendetta Filmes. Além da boa notícia que é a entrada de mais um agente no mercado audiovisual nacional, contando com uma equipa jovem apostada no valor do cinema, é a qualidade da obra escolhida para encetar atividade e a opção por um produto ‘diferenciado’ num mercado que não vive os seus melhores dias, que constituem a sua maior surpresa e mais-valia.

Primeira obra do realizador e argumentista canadiano Philippe Falardeau, o filme promete, desde a sequência de abertura, um olhar atento e sensível na forma como  revela a essência de uma escola: com o cuidado de, simultaneamente a branger como comunidade, observando o movimento coletivo próprio de um tempo de recreio e, atender à individualidade dos alunos que a povoam, focando uma ou outra dinâmica de relação que facilmente se perderia se não fosse esse olhar atento da camara.

E o que promete cumpre. ‘Professor Lazhar’ aprofunda de forma simples, tocante e escorreita o tema da morte e a gestão do sentimento de perda e incompreensão, tratando-se das mortes e perdas que são (por motivos políticos e por suicídio), bem enquadrado no quotidiano de uma escola e muito adequado ao universo da infância: sem ceder a excessos dramáticos na abordagem, nem em forma nem em conteúdo; com umbelíssimo trabalho de montagem que não desperdiça nem utiliza nada que não seja essencial ao ritmo, entendimento e envolvência da história; fazendo prevalecer na história e nas personagens, a capacidade de resiliência, a qualidade da relação entre professor e alunos e o contributo de ambas para que uns e outros recuperem a esperança e um sentido para a vida.

Margarida Ataíde



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