Nacional

25 anos do Instituto S. João de Deus

Margarida Cordo
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Vinte cinco anos, data simbólica à qual se convencionou chamar Bodas de Prata, é, geralmente, alvo de festa ou pretexto para comemorar de forma mais ou menos visível, qualquer evento. Quando falamos de uma Instituição estamos, com certeza a referenciar uma história mais ou menos repleta de fazeres e saberes, de lutas e de adversidades ultrapassadas, de convicções e de dúvidas que ajudam a crescer e, como é este caso, a melhor servir. O Instituto S. João de Deus, criado para ser o órgão gestor dos Centros Assistenciais da Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus, é uma Instituição Particular de Solidariedade Social da qual dependem jurídica e administrativamente seis Casas de Saúde psiquiátricas (Telhal – Concelho de Sintra; S. João de Deus – Funchal; S. João de Deus – Barcelos; S. José – Areias de Vilar (Barcelos), S. Miguel - Ponta Delgada e S. Rafael – Angra do Heroísmo), um Hospital geral (Hospital Infantil S. João de Deus, em Montemor-o-Novo) e uma residência de idosos com Unidade de Apoio Integrado (Residência S. João de Ávila, em Lisboa). No dia 11 de Novembro ocorreu a abertura das comemorações destas Bodas de Prata, com uma Sessão Solene presidida pelo Senhor Presidente da República e a presença do Senhor Ministro da Saúde. No mesmo acto foi lançado um livro – Memória do Instituto S. João de Deus –, no qual se descrevem sumariamente os diversos Centros do Instituto, e efectuadas duas conferências, respectivamente pelo Professor Doutor Boléu Tomé e pelo Dr. Vitor Cotovio, subordinadas aos temas S,. João de Deus na História da Medicina e Instituto S. João de Deus, Vocação e Carisma. Contámos, ainda, com a presença de outras altas individualidades, de entre as quais destacamos o Senhor Dom Duarte, Duque de Bragança, a Senhora D. Maria José Rita,... Dentro destas comemorações vão ter lugar variados eventos de carácter científico (colóquios, congressos e Jornadas), lançamentos de variadas obras históricas e inaugurações de novos serviços, que melhor permitirão assistir aqueles que são os utentes da nossa Instituição. Se quiséssemos dizer o que sempre procuramos aliar no nosso dia a dia apenas referenciaríamos Progresso Científico e Humanização de Cuidados. Estas são as nossas condutas. Estes são também os guias dos nossos sonhos. É que qualquer pessoa doente se torna prioridade no momento em que nos procura (ou em que a levam a procurar-nos) para a assistirmos. Nos Centros psiquiátricos desenvolvemos programas de tratamento, projectos de reabilitação psicossocial destinados a pessoas com doença mental (nestes incluímos formação profissional, actividades produtivas, actividades criativas, treinos de competências diversas necessárias a uma vida tão autónoma quanto possível, residências de transição e unidades de vida comunitárias), enfim, desinstitucionalizamos sempre que é possível, criando condições de vida digna para tantos que as perderam ao longo do seu percurso de sofrimento. As famílias são também uma das nossas prioridades. Não as ignoramos nem as excluímos. Pelo contrário, trabalhamos com elas no sentido de as fazermos recuperar os recursos emocionais perdidos e de lhes devolvermos a esperança muitas vezes também ela perdida ou grandemente minimizada. Em algumas Casas de Saúde temos Centros de Tratamento de Alcoólicos e de outros toxicodependentes, nos quais, para além de programas de intervenção actualizados, estabelecemos parcerias com comunidades terapêuticas no sentido de assegurar a desejada continuidade de cuidados, quando é caso disso. As consultas externas de diversas especialidades são outro tipo de serviços que existem em alguns dos nossos Centros Assistencias. Na prática, é um pouco de tudo isto que fazemos. A verdade é que, nesta época, estamos, de facto, em festa. Ainda no ano 2003, ocorrerão a abertura das comemorações dos setenta e cinco anos das Casas de Saúde S. Miguel e S. João de Deus de Barcelos e o encerramento das comemorações dos setenta e cinco anos da Casa de Saúde S. Rafael. Fica-nos por dizer, ainda, um grande dia – 1 de Maio de 2003 -, no qual serão abertas as comemorações dos setenta e cinco anos da restauração da Província Portuguesa da Ordem Hospitaleira de S. João de Deus. Neste dia teremos Eucaristia Solene; Sessão Solene; lançamento de um livro de imagens, ao qual chamaremos Hospitalidade, Expressões e Afectos e um espectáculo de variedades na Praça Sony, no qual se “confundirão”, porque actuarão nele, artistas de renome que, connosco, se querem solidarizar e “artistas desconhecidos”. Falamos das pessoas que assistimos em alguns dos nossos Centros, sobretudo pessoas com doença mental. Estas apresentarão pequenos números de teatro, de dança, de canto, etc. O encerramento das comemorações dos vinte cinco anos do Instituto S. João de Deus terá lugar no dia 11 de Dezembro de 2003, com programa ainda por definir. Já dissemos algo do que estamos a realizar neste momento particularmente “grande” para a nossa Instituição. No entanto, temos consciência que tudo isto só faz sentido se tivermos condições para continuar a desenvolver o espírito de S., João de Deus na prática de uma Hospitalidade adaptada às exigências do tempo, às consequências de uma sociedade em constante mudança, ao que qualquer pessoa, por mais doente que esteja, deseja e merece. Para tanto, é fundamental que colaboração, solidariedade e verdadeiro espírito de reconhecimento do que é justo criem, à nossa volta, condições para que possamos continuar a trabalhar da mesma forma, com a mesma qualidade e com igual sabedoria à do Santo que, no seu tempo, teve a coragem de chegar onde outros nem sequer viam que havia gente – S. JOÃO DE DEUS.


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