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A Curta Metragem no contexto cultural

Francisco Perestrello
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A curta metragem, sendo em si mesma a melhor oportunidade para os cineastas iniciarem a sua aprendizagem, é também, muitas vezes, a forma que realizadores experientes encontram para exprimir ideias de extensão insuficiente para preencher um filme longo. É uma área bem específica do Cinema, em que muitas obras de elevado valor têm sido produzidas, mas muito poucas chegam a encontrar uma divulgação suficientemente alargada. Durante muitos anos era comum a sua utilização para complementar os filmes de fundo, sendo corrente, nos melhores cinemas, apresentar duas ou três curtas metragens antes do intervalo que antecedia o grande filme. Os mais populares eram os desenhos animados e os jornais de actualidades, mas também documentários culturais e pequenos filmes de humor faziam ali a sua carreira. Os tempos agora são outros. Os filmes sucedem-se nas salas a uma cadência acelerada. A curta metragem, empurrada para o gueto, limita-se a aparecer nos festivais especializados e em edições de DVD, para ver em casa. Há excepções, é certo, mas as experiências em sala, seja como complemento seja com a reunião de curtas para fazer um programa («Quatro Curtas Portuguesas» foi a experiência mais marcante) não atingiram de forma alguma os resultados desejados. A via do DVD, por sua vez, tem encontrado um resultado bem mais positivo, mesmo que longe de uma divulgação que se possa considerar muito alargada. As acima referidas «Quarto Curtas Portuguesas» foram editadas nas suas diversas versões, ao mesmo tempo que alguns autores mais conhecidos na área da longa metragem viram assim alargado aos seus filmes curtos o acesso dos cinéfilos. É este o caso de Peter Greenaway, que antes e das suas muitas e famosas realizações de filmes longos, ou intercalados entre estes, se dedicou a pequenos filmes, alguns merecedores da maior atenção. E são estes que estão ao dispor do público, em dois DVD ‘s lançados em data recente.


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