Nacional

A doença do consumo e a solidariedade

Octávio Carmo
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A economista Manuela Silva e a escritora Lídia Jorge foram as convidadas do Centro de reflexão Cristã (CRC) para o segundo colóquio do ciclo que se intitula: "Sete Pecados Sociais – Sete Sinais de Esperança". A dicotomia “consumismo/participação solidária” foi o ponto de partida para um encontro que pretendia, de acordo com Guilherme Oliveira Martins, director do CRC, “a perspectiva que esquece a dimensão humana e que põe em primeiro lugar os bens materiais e contrapor a capacidade das pessoas terem uma perspectiva solidária do outro”. As intervenções da noite de 10 de Fevereiro sublinharam a necessidade de a sociedade “intervir activamente” no sentido de alterar as situações de desigualdade que se detectam no nosso meio e a apetência do consumo pelo consumo. Manuela Silva, membro da Comissão Nacional Justiça e Paz, falou do consumismo não apenas como “um pecado”, na interpretação tradicional da Doutrina Social da Igreja, mas como “uma doença da sociedade e do funcionamento da economia”, enquanto que a escritora Lídia Jorge falou em “disfunção social”. A acção solidária de “todas as pessoas de boa vontade” foi a receita construir uma sociedade regida por novos valores. José Leitão, do CRC, explica que este ciclo de colóquios pretende aproveitar a reflexão dos bispos portugueses para “descobrir, de forma criativa, a ligação entre os pecados sociais e a ultrapassagem das situações”. “A destruição de recursos produtivos e o agravamento das desigualdades sociais” foram as principais dificuldades assinaladas nesta matéria, referiu.


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