Os bispos apelam a um diálogo "sereno e civilizado para que se possam ultrapassar as dificuldades presentes"
A missão dos professores “é mais importante que a dos próprios políticos” – disse o vice-presidente da CEP, D. António Marto, no encerramento da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa. E explica a sua afirmação: “são eles os educadores das crianças e jovens que são o futuro do próprio país”.
A Assembleia Plenária da CEP aprovou uma carta pastoral sobre «A Escola em Portugal – Educação Integral da Pessoa Humana» onde reflecte sobre a missão da escola como projecto educativo orientado por valores. Ao falar sobre este documento aos jornalistas, D. António Marto apela “a um diálogo sereno e civilizado para que se possam ultrapassar as dificuldades presentes”.
Como a educação é um problema de toda a sociedade civil “não apenas da escola em si, mas de todos os intervenientes da sociedade”. E acrescenta: “É uma causa nacional”.
Não estamos apenas a mandar recados para fora
Com o título «Toda a prioridade às crianças» “queremos comprometer as comunidades paroquiais” nesta problemática porque são estas comunidades que “conhecem as situações das famílias” – disse D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa no encerramento da Assembleia Plenária.
A situação das crianças portuguesas é divergente porque “sabemos que algumas vão para a escola sem tomar o pequeno-almoço”. Perante este panorama é fundamental que a acção caritativa – “que está atenta às pessoas de idade – esteja também atenta a estas situações das crianças” – disse. As paróquias devem “comprometer-se nestas questões e encontrar soluções”. E acrescenta: “não estamos apenas a mandar recados para fora, mas estamos essencialmente a comprometer-nos”.
Com esta nota pretende-se reflectir sobre as instituições que existem – umas da igreja e outras da sociedade – e destas “crianças que vivem em situação de abandono e entregues pelo tribunal”. Por outro lado, o Presidente da CEP realça que “muitas instituições começam a ficar cansadas por determinadas exigências legais”.
Bispos contra penalizações aos media com mais de 50% de audiência
No comunicado final da Assembleia Plenária da Conferência Episcopal, os Bispos renovam a preocupação com o actual texto do diploma que prevê penalizações aos media que reúnam mais de 50% de audiência. O presidente da Conferência Episcopal, D. Jorge Ortiga, lembra a propósito que, tal como um partido pode ter mais ou menos eleitores, “também no caso da rádio os ouvintes devem ser livres de escolher”.
Na Assembleia Plenária os Bispos reafirmaram que se as soluções legislativas desta Proposta de Lei forem “aprovadas tal como as conhecemos, a Rádio Renascença, Emissora Católica Portuguesa ficará automaticamente ameaçada por violação dos limites das audiências”. E avança: “as audiências são mérito de quem trabalha”.
Tal como se apresenta, este diploma constituiria para a Igreja em Portugal uma perturbação do seu direito constitucional de deter e utilizar meios próprios de comunicação social ao serviço da sua missão considera a Conferência Episcopal.
Mas não só a comunicação social da Igreja seria atingida, acrescentam os Bispos. Ao instituir um sistema de controlo dos media informativos com base nas audiências, “o legislador privilegia o mero entretenimento e desincentiva as empresas e os profissionais do legítimo e fundamental exercício da liberdade de informação”.
Deste modo, não apenas a Igreja, não apenas as empresas e os profissionais da comunicação social seriam atingidos, mas toda a sociedade portuguesa ficaria empobrecida na sua liberdade e no seu direito de informar e de ser informada.
Não há nenhum convite oficial para Bento XVI vir a Portugal
D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, disse também aos jornalistas que o possível convite a Bento XVI para uma visita a Portugal “não nos parece oportuno”.
“Sabemos que da parte de Bento XVI há várias dificuldades de agenda e também de saúde” – referiu D. Jorge Ortiga. Todavia acrescenta: “tínhamos um gosto muito grande que Bento XVI viesse a Portugal para canonizar o Beato Nuno de Santa Maria”. “Não há nenhum convite oficial para que o Papa venha a Portugal”
A situação de “grave crise económica por que passam muitas famílias em Portugal” não foi esquecida pelos bispos portugueses reunidos em Assembleia Plenária até hoje (13 de Novembro), em Fátima. O Comunicado Final desta Assembleia salienta também o “número de pobres cresce todos os dias, faltando mesmo bens essenciais”. Perante esta situação, os bispos pedem “às autoridades governativas para tomarem medidas que ajudem a resolver as graves carências sentidas” e exortam “os cristãos a um maior empenho sócio-caritativo”.
Concordata: dossiers em andamento
Em relação à Concordata entre a Santa Sé e o Estado Português, os bispos realçam que este documento “carece ainda de regulamentação” e acompanham com “preocupação este assunto”, solicitando às devidas instâncias a “regulamentação que se impõe, com necessária celeridade e ponderação”.
Apesar da caminhada lenta, “há um conjunto de dossiers que está em andamento” e o ritmo das negociações “está um pouco mais célere” – afirmou D. Jorge Ortiga. Com o novo Núncio Apostólico “provavelmente será mais fácil as negociações”.
Foto: Revista "Família Cristã"Notícias relacionadas• Comunicado Final da Assembleia Plenária da CEP