Nacional

À memória de João Paulo II

Manuel Moreira Costa Santos
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João Paulo II, o Papa «chamado de longe», era o Bispo da igreja de Roma, «que preside à caridade», à comunhão da Igreja, em diferentes povos e culturas. O Bispo de Roma tem a ver com a Igreja que está em Braga, pois a comunhão com o sucessor de Pedro pertence ao ser Igreja em qualquer lugar. O ministério de João Paulo II destacou-se na história dos homens, tão próximo e profético, profético porque tão próximo; foi testemunha ímpar na história, uma história «caldeada» nas oposições mais dolorosas da sua amada terra e da Europa. Como um «grande crente» com sentido da história, João Paulo II, como Abraão, «acreditou (Ro 4, 18) com uma esperança, para além do que se podia esperar» e «intuiu» como «transformar o mundo actual num mundo possível». Melhor, Ele foi actor e testemunha da mudança de paradigma na história da Europa, da queda do muro de Berlim a uma nova relação entre os povos: uma Europa unida sem muros, um espaço fraterno sem guerras, uma vida no diálogo entre as religiões e as culturas. Karol Wojtyla era alguém tão próximo, que se assemelha a outra pessoa marcada por adversidades (morte da mãe, do irmão e do pai); alguém, tornado um «homem só», aceitou e escolheu ser “Totus tuus”, no percurso (vocação) do ser ao dever ser da pessoa. João Paulo II, para quem «o homem é o caminho da Igreja… pelo qual deve ela caminhar», merece o reconhecimento pelo seu ministério, carismático, até aos últimos momentos; ele, depois de ensinar a viver, como que sem palavras ou, melhor, na palavra imolada, que se vai fazendo silêncio, deixa aprender a morrer. Na situação de moribundo, João Paulo II envolveu-nos, ainda mais, a todos; assemelhou-se a um dos nossos, de que nos vamos apercebendo que se está a «despedir» de nós, como uma vela que se consome. Nos últimos dias, como que queria ainda dizer: «por (vós) me entrego» na concretização do “Totus tuus”, para que «todos sejam um». A sua morte mostra um mundo que o reconhece contemporâneo como ninguém, pela arte e pela parte que teve na resposta aos dramas e desafios do mundo. Presença familiar, personalidade profética, «grande crente», João Paulo II, deixa-nos um coração agradecido ao Senhor. E, como «atleta» de estafeta, «entregará» o testemunho na Igreja «que preside à caridade» a alguém, também, «chamado de longe»?


João Paulo II