A nostalgia do mundo piscat贸rio
Conhece as 谩guas do rio e do mar. Com 66 anos passou grande parte da sua vida na 谩gua, 鈥渦mas vezes mais revolta ou outras vezes mais calma鈥 鈥 disse 脿 Ag锚ncia ECCLESIA Constantino Padinha, pescador natural de Alhandra. Se no rio 鈥渁 ida e volta faz-se diariamente鈥, nos tempos em que ia para 鈥渁 Nazar茅 e Peniche鈥 passava alguns dias fora de casa. 鈥淥utros tempos鈥 鈥 sublinha Constantino Padinha.
No seu rosto via-se a nostalgia e a saudade misturada com o 芦bronzeado禄 dos sacrif铆cios feitos para alimentar uma fam铆lia tamb茅m ela ligada ao mundo piscat贸rio. Uma realidade de diferente, dos h谩bitos quotidianos 脿 religiosidade vivida, 鈥渁inda h谩 pouco tempo tivemos aqui uma prociss茫o em honra de S. Jo茫o Baptista, que 茅 o padroeiro dos pescadores do Rio Tejo鈥. Uma 芦caminhada nocturna no mar禄, qual Mois茅s a atravessar o Mar Vermelho, porque 鈥渘贸s fazemos muitas promessas鈥. Os pescadores, 鈥渆 n茫o falo s贸 por mim, s茫o muito agarrados aos santinhos鈥. E adianta: 鈥渘o meu barco tenho uma imagem鈥, quando as dificuldades surgem 鈥渄irigimo-nos 脌quele que nos pode salvar鈥.
Uma actividade cheia de incertezas, 鈥渄esde a quantidade de pescado at茅 aos sustos que aparecem sem n贸s esperarmos鈥 鈥 salienta aquele pescador de Alhandra e acrescenta: 鈥渦ma vez estive tr锚s dias no mar sem poder entrar na porto da Nazar茅 porque o mar parecia um furac茫o鈥. Mas o mar n茫o 茅 sempre assim muitas vezes 鈥減arece que se espregui莽a 脿 nossa frente鈥 e 鈥渜uando quer 茅 nosso amigo鈥. Uma amizade, que para este pescador est谩 relacionada com a quantidade e qualidade de peixe apanhado na faina. Se o pescador e o mar est茫o de costas voltadas 鈥減edimos aos santinhos para nos ajudarem no lance鈥. Quando h谩 empatia 鈥渆ntre n贸s e a nossa estrada ficamos todos contentes e agradecemos a Deus e a Nossa Senhora鈥.
Homens com uma terminologia pr贸pria e que caminham em direc莽茫o ao horizonte na busca do peixe 鈥渜ue 茅 o sangue pescador鈥. Um horizonte cada vez mais curto 鈥渄erivado 脿 falta des pescadores e tamb茅m a hip贸tese de nos reduzirem as milhas鈥. E sublinha: 鈥渜ualquer dia n茫o temos nada, os nossos vizinhos espanh贸is invadem tudo鈥. Sem esquecer 鈥渙 abate constante da frota piscat贸ria鈥 e o 鈥渞etirar as licen莽as de pesca鈥.
As muitas horas de trabalho e o esfor莽o constante 鈥渁fastam a juventude desta profiss茫o鈥 鈥 afirma Constantino Padinha, que nasceu dentro de um barco e que tem o curso de 芦pescador禄. Uma inf芒ncia em contacto com as 谩guas que se tornaram 鈥渕inhas confidentes鈥. Naquela altura 鈥渘茫o havia trabalho infantil鈥, desde mi煤do 鈥渃omecei a ajudar o meu irm茫o e o meu pai na pesca do S谩vel鈥. Aos dezoito anos j谩 鈥渁ndava sozinho no rio鈥. Por isso costuma dizer: 鈥渟e me tirarem o mar ou o rio tiram-me parte de mim鈥. Um pescador por voca莽茫o que teve outras propostas de trabalho mas 鈥渟贸 me sentia bem em contacto com este azul鈥. E acrescenta: 鈥溍 o meu trabalho e o meu desporto鈥. Um desporto que n茫o d谩 para 鈥済anhar milh玫es鈥 mas 鈥渢emos outros prazeres鈥. S贸 sabe quem passa por l谩... E Constantino Padinha sabe porque as l谩grimas soltaram-se quando fala dos tempos passados.