Decorreu entre os dias 20 e 22 de Maio, na Guarda, o XX Encontro Nacional de Estudantes de Teologia (ENET), organizado pela FNAET (Federação Nacional de Associações de Estudantes de Teologia) e pela Associação de Estudantes dos Seminário Maior da Guarda. Este encontro anual, que vai na sua 20.ª edição, regressou este ano depois de um interregno de quatro anos, e com um tema de importância máxima para o século XXI, “Nova Evangelização – Desafios e propostas”.
Devido ao interregno de quatro anos, a uma divulgação dentro das possibilidades e também alguns imprevistos de últimas hora com algumas escolas de Teologia do país, o número de participantes ficou um pouco abaixo das expectativas, mas ainda assim foi um recomeço de ENET que deixa perspectivas muito boas para o futuro. Os cerca de 60 participantes, estudantes de Teologia e Ciências Religiosas, vieram de cinco Faculdades e Institutos (Coimbra, Évora, Guarda, Viseu, Porto e Lamego), entre aqueles que são seminaristas, no caminho do sacerdócio e também os que sendo leigos preferiram este curso académico.
O ENET deste na ajudou aqueles que participaram, a encontrar algumas respostas para aquilo que deve ser a Nova Evangelização e como se deve colocar em prática. Vencidas até algumas barreiras sobre alguns dos que são os “handy-caps” que muitas vezes envolvem o meio eclesial e os leigos, poder-se-ão tirar deste evento algumas boas linhas de acção para reabilitar o cristianismo, católico, dentro da sociedade, cada vez mais laica, secularizada e relativista. O debate teológico, pode-se ler nas conclusões, permitiu “compreender e aprofundar as características da nossa sociedade actual, depreendendo assim a urgência, necessidade, barreiras, limites e desafios da Nova Evangelização”. Uma Nova Evangelização que não é, ao que parece só de dentro para fora da Igreja, mas deve ser, antes de tudo um auto-evangelização. É que “a Nova Evangelização destina-se a evangelizar os cristãos não evangelizados e os cristãos não convertidos. No fundo “acordar os adormecidos”. Nova Evangelização é o chamamento ao anúncio do Evangelho e começa com uma auto-evangelização da própria Igreja”.
Para dentro da Igreja o Encontro deixou algumas propostas sobre aquilo que deve ser a linha de acção. Compreendendo que a Nova Evangelização deve ser pensada como um desafio aquele que se achou mais premente é o de habilitar a figura do leigo. Este deve “afirmar o seu lugar na Igreja. A construção do mundo sem cristãos torna-se um pecado grave, daí a importância do papel do leigo na sociedade. Este é responsável pela planificação cristã dos bens temporais, como também da redescoberta dos jovens como destinatários e propagadores fundamentais da mensagem sempre actual do Evangelho”.
Olhando para a situação Académica do curso de Teologia, em Portugal, o ENET lançou quatro propostas que se pensaram mais importantes:
“1 – uma maior aposta numa formação em consonância com o acompanhar as mudanças da sociedade e do mundo;
2 – assim como a nova evangelização aposta, sobretudo, na formação e cuidado dos agentes de pastoral, o curso de teologia deve abrir-se ao sopro da acção do Espirito na Igreja e às exigências do mundo moderno;
3- a necessidade urgente de repensar saidas profissionais para os estudantes de Teologia e Ciências Religiosas, leigos, tendo em conta o projecto eclesial da Nova Evangelização. Pensamos que aqui, a hierarquia e as autoridades competentes, têm um papel urgente e fundamental a desempenhar;
4 – sugerimos às direcções das Faculdades e Institutos que procurem caminhos de modo a harmonizar alguns pontos chave relativos ao curso de Teologia ministrado nas diversas instituições portuguesas, bem como à burocracia a eles inerente, sobretudo na questão das equivalências das cadeiras dos planos curriculares”.
D. Manuel Felício, Bispo coadjutor de Guarda, presente no encerramento deste XX ENET, depois de ouvir as conclusões, tocou especialmente no ponto das saidas profissionais, propondo que este licenciados em Teologia, sejam e devam ser inseridos nos contextos paroquiais e diocesanos a trabalhar em prol da Igreja e das igrejas locais, não num contexto de carreirismo mas sim para o enriquecimento do futuro da Igreja. E devem ser estes os agentes a dar saidas profissionais, se não a todos, a parte dos licenciados de Teologia, para também aqui não se perderem recursos e apostar, como se propunha como desafio, na integração activa dos leigos, nas sociedades, também como voz da Igreja.
À parte do que ao Académico e à Nova Evangelização disse respeito, realizou-se ainda durante este ENET, o IV Festival da Canção Teológica, que teve cinco músicas participantes, de três escolas diferentes (Viseu, Guarda e Coimbra), tendo vencido a música de Coimbra. Também esta iniciativa parece que é para continuar, espera-se com maior participação para o ano.
E é mesmo para o ENET do ano que vem que já se apontam baterias. No ar ficaram como que uma espécie de pré-candidaturas do Porto e de Viseu.