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A política internacional e um obstáculo para diálogo entre religiões

Fundação AIS
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Conclusão do bispo paquistanês D. Andrew Francis, expressa numa entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre.

Determinadas acções na política internacional tomadas pelas super-potências influenciam negativamente o diálogo inter-religioso. É a conclusão do bispo paquistanês D. Andrew Francis, da Diocese de Multan, expressa numa entrevista à Ajuda à Igreja que Sofre. “Nós sofremos as consequências das acções das super-potências”, afirmou D. Andrew Francis. No Paquistão, país onde os cristãos são uma minoria (2% da população) verifica-se uma certa melhoria na relação com a maioria muçulmana. No entanto, o diálogo entre as religiões no país é, por vezes dificultado pelos acontecimentos da política internacional. “É uma grande mágoa para nós que a maior dificuldade no diálogo inter-religioso seja a política internacional”, comentou o prelado. “No Paquistão muitos muçulmanos associam-nos, enquanto cristãos, com o Ocidente”, refere. No seu entender, uma tarefa vital para a Igreja no Paquistão é “criar harmonia social e coexistência pacífica entre os povos de diferentes credos”. Analisando o fundamentalismo religioso no Paquistão, D. Andrew Francis, mostra-se satisfeito com os “felizes progressos no diálogo” que os cristãos mantêm com os muçulmanos “de vários tipos de escolas”. No entanto, o prelado reconhece que ainda existe um longo trabalho a efectuar. O anúncio recente do Presidente do Paquistão, Pervez Musharaff, de uma possível revisão da “Lei sobre a Blasfémia”, que vigora ainda no Código Penal daquele país, poderá ser uma contribuição importante nesta matéria. Esta norma prevê a pena de morte para quem seja acusado de blasfemar a religião islâmica. Baseando-se a denúncia em declarações orais, esta lei tem favorecido a vingança pessoal e tem sido usada por alguns militantes islâmicos contra fieis cristãos, causando o ódio entre as duas religiões. O presidente da Conferência Episcopal, o Arcebispo D. Lawrence Saldanha, recebeu este anúncio com cautelosa satisfação, conforme noticiou a Rádio Vaticano. O prelado expressou a sua “esperança e oração para que o presidente proceda de maneira resoluta nesta direcção, eliminando esta persistente anomalia da legislação paquistanesa”.


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