Nacional

A vertente popular e erudita de S. Bento

Luís Filipe Santos
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No Mosteiro de Tibães até 15 de Agosto

Como o Mosteiro de Tibães “está a ser recuperado e foi a casa mãe da Congregação Beneditina portuguesa, de 1566 a 1834”, organizou-se uma exposição temática sobre S. Bento naquele local que está patente ao público desde o dia 21 de Março. Uma data simbólica para a Ordem Beneditina porque “este santo morreu a 21 de Março de 547” – disse à Agência ECCLESIA Frei Geraldo Coelho Dias, Comissário científico da exposição. Uma mostra que chama a atenção sobre o papel de S. Bento na “cristianização do Entre Douro e Minho”. E adianta: “não se pode compreender esta realidade, sobretudo depois da reconquista, sem o contributo dos monges beneditinos”. Um evento “com função propedêutica e educativa” – salienta. Com cerca de 18 casas naquele território, os beneditinos tiveram papel fulcral na fixação e cristianização daquele povo. Os beneditinos “foram omnipresentes” nos dois primeiros séculos da reconquista - no século XIII caíram numa “certa decadência” quando chegaram os cistercienses. – realça Frei Geraldo Coelho Dias. A vertente erudita e popular estão presentes na exposição. A primeira é feita “pelos monges, bispos e papas que exaltam S. Bento e apresentam-no de maneira solene (mitra, báculo) e cheio de autoridade” e a segunda, a popular, onde “predomina o culto a S. Bentinho”. A influência dos monges “junto das populações, sobretudo S. Bento como advogado das coisas ruins e dos males desconhecidos” – disse o Comissário Científico. Pinturas “notáveis”, imagens “bonitas e algumas delas amaneiradas”, ex-votos, objectos de cera e “regras pequeninas” são o espólio desta mostra que estará patente ao público até 15 de Agosto. Ao fazer referência “às regras pequeninas”, Frei Geraldo Coelho Dias sublinhou que estas “apareceram depois do terramoto de Lisboa”, em 1755, quando o Mosteiro de S. Bento da Saúde – actual Assembleia da República – ficou quase intacto no meio de tanta destruição. Perante este facto, o povo começou a pensar que “S. Bento era um grande advogado contra os terramotos”. Em Portugal, “as regras pequeninas, que as pessoas traziam ao peito”, teve cerca de 30 edições. Até Camilo Castelo Branco – dizia que “não acreditava em Deus” – trazia “consigo a imagem de S. Bento e a sua regra pequenina”. Com a remodelação do Mosteiro de Tibães, Frei Geraldo Coelho Dias acentua que “é muito difícil os beneditinos voltarem àquele mosteiro” porque “Singeverga está renitente devido ao envelhecimento dos monges”. Mas deixa escapar: “com muita pena minha”.


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