D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), considera que mesmo que uma lei venha a liberalizar o aborto no nosso país, este acto continuará a ser crime.
“Não é o facto de a lei existir que vai dizer que um aborto - que nós consideramos um crime, uma morte - vai deixar de o ser. Continuará a ser”, referiu o Arcebispo de Braga no programa “Diga lá Excelência”, da Direcção de Informação da Renascença em colaboração com o jornal “Público”.
"O que está em questão não é termos consideração por uma mulher que decide abortar em [determinadas] situações. É olharmos também para a realidade de um ser vivo que poderia ter uma vida e deixou de a ter", acrescentou.
Nesta entrevista D. José Ortiga dissr esperar que pelo menos os católicos aceitem a doutrina da Igreja na questão do aborto, adiantando que esta anunciará e proclamará a sua posição - que é conhecida sobre a matéria - embora recuse comentar uma eventual participação do Governo na campanha do “sim” no referendo de Fevereiro.
A alternativa da Igreja, em relação ao aborto, diz, passa por acarinhar a família, dar valor à vida e organizar opções para as mulheres em circunstâncias difíceis, poderem optar por ter os filhos.
O Arcebispo de Braga assinala que a laicidade não pode empurrar a instituição para a sacristia e que mesmo em Portugal a Igreja tem que estar preparada para respeitar todos. Contudo, na sua opinião isso não significa que a Igreja não possa e não deva ter uma voz activa na sociedade.
A propósito de algum alheamento das pessoas face à Igreja, diz que isso se deve a vários motivos, mas afirma também que a instituição assume aí algumas culpas por não ter sabido adaptar-se e transmitir adequadamente a sua mensagem.
Para D. Jorge Ortiga estamos num mundo plural e a Igreja tem que reposicionar-se no novo tempo em que convive na Europa com outras religiões.
(Com RR)