Açores: Bispo coadjutor defende maior participação dos cristãos no debate cultural e nos locais de decisão
D. João Lavrador mostra abertura a um jornal diocesano regional
Lisboa, 29 nov 2015 (Ecclesia) – O bispo coadjutor de Angra considera que os Açores “foram pioneiros” na cultura moderna em Portugal, defende maior “interferência” dos católicos na cultura e nos “locais de decisão” e rejeita um “sentido cristão ritualista”.
“Neste momento estamos a correr o perigo de ficar apenas com um sentido cristão ritualista, separados da interferência na cultura e na sociedade, sobretudo nos locais de decisão”, alertou D. João Lavrador em entrevista à Agência ECCLESIA e o portal informativo ‘Igreja Açores’.
Para o bispo coadjutor de Angra, que hoje toma posse, os leigos devem estar “onde se forja a cultura” para construir uma “civilização humana” onde o Evangelho tem de estar”.
“Temos hoje muitas realidades que são anti-humanas e não respeitam a dignidade da pessoa humana porque falta o Evangelho. O Evangelho dignifica! É necessário que o Evangelho entre na cultura”, defendeu.
D. João Lavrador considera que os açorianos têm uma “glória” e foram pioneiros no debate cultural, antecipando muitos dinamismos de participação laical propostos Concílio Vaticano II.
“O que o Concílio veio oferecer como metodologia para a ação da Igreja no mundo já lá estava presente. Os grandes movimentos que fermentam uma forma de estar e vão culminar no Concílio, já lá estão desde o séc. XIX e na primeira metade do séc. XX”, refere.
Para o bispo coadjutor de Angra, o debate cultural nos Açores que aconteceu no “confronto com a fé” e se transformou em “atuação de caráter público e político”, nomeadamente durante a I República, é hoje um “desafio” que a Igreja deve aceitar para propor “as razões da sua esperança na “esfera pública”, num tempo de “muitas transformações”.
“Todos os intervenientes da Igreja, desde os leigos, que estão na primeira linha do diálogo com o mundo, os sacerdotes, os que têm funções dentro da hierarquia, o bispo, devem atuar, conscientes de que temos algo a oferecer a esta realidade de rutura cultural e à nova civilização que se está a querer desenhar e que, no pensar de São João Paulo II, deve ser uma ‘civilização do Amor’”, afirmou.
D. João Lavrador considera que o diálogo cultural e a intervenção na construção da sociedade acontecem “no mundo da comunicação”, “seja na construção da opinião, seja no estabelecer de relações”.
“Tudo o que se puder fazer pela comunicação social, até por que estou há longos anos com ‘devoção’ a esta causa, deve ser feito. Mas com os pés assente na terra!”, afirmou o bispo coadjutor de Angra, que “teoricamente diz “sim”, a um jornal diocesano.
“É uma questão a equacionar”, assegurou, valorizando o portal “invejável ‘Igreja Açores’”, da Diocese de Angra.
O início do ministério de D. João Lavrador na Diocese de Angra está em destaque, este domingo, nas emissões dos programas ECCLESIA (Antena 1, 06h00) e '70x7' (RTP2, 11h20).
A Missa de apresentação do novo bispo coadjutor de Angra, este domingo às 18h00 dos Açores (mais uma em Portugal Continental e na Madeira) é transmitida pela RTP Açores.
PR
Diocese de Angra