Açores: Diocese de Angra homenageia bispo emérito
D. António de Sousa Braga destaca «caminhos de esperança» e unidade que a Igreja ajudou a descobrir
Angra do Heroísmo, Açores, 30 jun 2016 (Ecclesia) – O bispo emérito de Angra vai ser homenageado hoje pela diocese açoriana e considera que a ação da Igreja na região passa por “abrir caminhos de esperança” em cooperação com as várias entidades, em “total autonomia”.
“A nossa diocese é dispersa e a Igreja tem ajudado a construir a unidade. A primeira experiência de unidade e de autonomia é a da igreja. Desde 1534, a diocese engloba as nove ilhas”, disse D. António de Sousa Braga, em declarações reproduzidas pelo sítio ‘Igreja Açores’, da Diocese de Angra.
O prelado assinalou que houve “pretensão” de criar outra diocese mas a existência de apenas uma é um fator positivo, porque a Igreja tem sido “a grande referência de unidade” açoriana; A autonomia política, administrativa e social “tem raiz” na Igreja Católica que está no arquipélago “desde o povoamento”.
Para o bispo emérito mesmo com os “tempos difíceis” do mundo hodierno “sob a direção” do Papa Francisco e do bispo atual - D. João Lavrador – vão ser “capazes de ser uma igreja próxima das pessoas, atuante e interveniente”.
O 38.º bispo de Angra celebra hoje 20 anos de ordenação episcopal e vai ser homenageado na Sé de Angra com uma Eucaristia a partir das 18h00 (19h00 em Lisboa), com a participação da estrutura eclesiástica e, segundo o sítio online ‘Igreja Açores’, com a “maioria dos leigos” dos movimentos.
“É o reconhecimento pelo papel da Igreja nos últimos 20 anos, sobretudo na construção dos Açores, um arquipélago disperso que tem procurado crescer em unidade” comentou.
O prelado que deu ao seu episcopado o cunho da proximidade explica que se “facilitou a resolução de alguns problemas” também levantou “alguns embaraços”.
“Tenho consciência de que deveria, nalgumas circunstâncias, ter tido uma intervenção mais forte. Isso fica salvaguardado pelo novo bispo que tem muito mais experiência e sabe que governar é decidir, não é só deixar fazer, não é só dialogar”, analisou, observando que a autoavaliação “nem sempre é fácil”.
D. António de Sousa Braga recordou ainda que confiou em quem “não merecia” o que originou “alguns problemas”, como problemas económico-financeiros.
“É uma mágoa que carrego comigo. A minha incapacidade para controlar esta parte, acreditando que as pessoas eram capazes originou a criação de problemas que tiveram implicações diretas na organização pastoral diocesana”, desenvolveu o prelado, revelando que houve alturas em que só podiam “assumir os custos de deslocação do bispo”.
O 38.º bispo de Angra divide agora o tempo entre Lisboa e a ilha natal de Santa Maria e regressa aos Açores “sempre que pode e com gosto” porque os últimos 20 anos “foram os dias mais felizes” da sua vida.
“Continuo a assinar António, bispo emérito de Angra”, referiu na entrevista que pode ser ouvida na íntegra este domingo, a partir das 12h00 locais, no Rádio Clube de Angra e na Antena 1 Açores.
O segundo bispo em quase quinhentos anos de história diocesana que nasceu no arquipélago considera a experiência de episcopado “muito gratificante” onde teve a oportunidade de “verificar e de acompanhar” a caminhada dessa Igreja local.
O Papa Francisco aceitou a 15 de março a renúncia do prelado à missão de bispo da Diocese de Angra, quando completou 75 anos de idade, em conformidade com o cânone 401 do Código de Direito Canónico.
D. António de Sousa Braga estudou no Funchal, Coimbra e em Roma, pertence à Congregação dos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos), e é cidadão honorário de Angra do Heroísmo tendo recebido também as chaves de honra da cidade.
CB/OC
Notícia atualizada às 12:00
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