Nacional

Ajudar a salvaguardar os monumentos

José António Falcão
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As entidades locais debatem-se hoje com sérias dificuldades para garantir a salvaguarda dos seus monumentos e respectivos acervos, o que evidencia mais uma faceta do fenómeno de desertificação que se faz sentir na zona O Baixo Alentejo possui um vastíssimo conjunto de bens culturais imóveis, integrados e móveis, de carácter religioso, que se encontram numa situação paradoxal: não obstante constituírem uma parcela extremamente relevante do património da região (totalizando cerca de 78% de todo o universo patrimonial registado), representam ainda uma verdadeira incógnita, sendo muito pouco acessíveis aos visitantes, que em muitas localidades batem literalmente com o “nariz na porta†quando pretendem conhecer as suas igrejas históricas. Em muitos casos, esses bens culturais apresentam sérios riscos de degradação, por falta de cuidados de manutenção, mas também por furto ou vandalismo. As entidades locais debatem-se hoje com sérias dificuldades para garantir a salvaguarda dos seus monumentos e respectivos acervos, o que evidencia mais uma faceta do fenómeno de desertificação que se faz sentir na zona. Face a estes problemas, alguns de difícil resolução, a Diocese de Beja tem-se esforçado por levar a cabo um ciclo de iniciativas que pretende transformar gradualmente o património por ela tutelado de ónus em mais-valia, pondo-o ao serviço de um desenvolvimento regional sustentado. Para isto torna-se necessária a criação de todo um conjunto de infra-estruturas de visita, numa zona ainda muito carenciada sob este ponto de vista. A existência de itinerários e percursos de turismo cultural, religioso e ambiental, devidamente organizados e apoiados em informação científica rigorosa, significa um importante contributo neste domínio, a par do funcionamento de uma rede museológica (com pólos de pequena e média dimensão), da valorização de “nichos†temáticos e do desenvolvimento de actividades de extensão cultural (publicações, visitas guiadas, exposições, etc.). Mas a principal transformação deve residir numa nova perspectiva de entendimento do património como factor de coesão social, de promoção da identidade e de sobrevivência de um mundo rural ameaçado na sua sobrevivência. JOSÉ ANTÓNIO FALCÃO


Arte Sacra