Nacional

Alexandrina de Balasar é um exemplo para as horas de sofrimento

Octávio Carmo
...

João Paulo II beatificou a mulher da Paixão de Cristo

Cerca de mil portugueses testemunharam, na Praça de São Pedro, o momento em que João Paulo II proclamou Beata a venerável Alexandrina Maria da Costa, conhecida popularmente como a Alexandrina de Balasar. O Papa apresentou a portuguesa como um modelo para as horas de maior sofrimento. “Pela esteira da Beata Alexandrina, expressa na trilogia ‘sofrer, amar, reparar’, os cristãos podem encontrar estímulo e motivação para nobilitar tudo o que a vida tenha de doloroso e triste com a prova maior de amor: sacrificar a vida por quem se ama”, recordou João Paulo II na homilia da Missa em que beatificou seis fiéis. A cerimónia começou com a leitura, por parte dos Bispos das dioceses de onde eram naturais os veneráveis, de uma breve resenha sobre a vida e obra dos cinco religiosos e uma leiga, precisamente Alexandrina Maria da Costa. O arcebispo primaz de Braga, D. Jorge Ortiga, destacou a humildade, a bondade, a capacidade de sofrimento e amor pela Eucaristia, como “as pedras basilares” da vida de Alexandrina. Assim que terminou a apresentação, o Papa leu a fórmula da beatificação, declarando: “que de hoje em diante sejam chamados beatos”. A festa litúrgica da nova Beata portuguesa será celebrada no dia 13 de Outubro, data em que morreu Alexandrina e que coincide com a última aparição de Fátima. João Paulo II assinalou que Alexandrina “reviveu misticamente a paixão de Cristo e ofereceu-se como vítima pelos pecadores, recebendo a força da Eucaristia que se torna o único alimento dos seus últimos treze anos de vida”. No decorrer da cerimónia foi entregue a João Paulo II um relicário em prata, com cerca de dois quilos de peso, contendo um pedaço do esqueleto da Beata. O relicário foi transportado por Madalena Fonseca, a pessoa cuja cura miraculosa ocorreu por intercessão de Alexandrina de Balasar. De Portugal, concelebraram na Eucaristia presidida pelo Papa, D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, e os padres Heitor Calovi (vice-postulador da causa de Alexandrina), Joaquim Mendes (provincial português dos Salesianos), Francisco Azevedo (pároco de Balasar) e Domingos Ferreira de Araújo (arcipreste da Póvoa de Varzim). Participaram ainda na mesma missa os bispos: D. Antonino Dias e D. António Marto (auxiliares de Braga), D. Eurico Dias Nogueira (arcebispo-emérito de Braga), D. Jacinto Botelho (bispo de Lamego), D. Gilberto Canavarro Reis (bispo de Setúbal), D. António Rafael (bispo-emérito de Bragança); D. Teodoro Faria (bispo da Madeira); D. António Montes (bispo de Bragança) e dezenas de sacerdotes portugueses que acompanharam os grupos de peregrinos. Em representação do Estado Português, marcou presença a ministra dos Negócios Estrangeiros, Teresa Gouveia, acompanhada pelo Embaixador de Portugal na Santa Sé. Milhares de católicos afluíram também a Balasar, Póvoa de Varzim, para participarem nas cerimónias religiosas na igreja paroquial onde se encontra sepultada a beata Alexandrina. Alexandrina Costa, de Balasar, Póvoa de Varzim, viveu entre 1904 e 1955; o processo para a sua beatificação foi aberto em 1967. Além da "Santa de Balasar", o Papa beatificou ontem o padre polaco Augusto Czartorysky, a italiana Giulia Nemesia Valle, a espanhola Eusebia Palomino Yenes, a colombiana Laura Montoya e a mexicana María Guadalupe Garzía Zavala. No final da cerimónia, João Paulo II convidou os católicos a imitarem os novos beatos por serem "exemplos eloquentes de como o Senhor pode transformar a existência dos crentes quando se confiam a Ele".


Alexandrina de Balasar