Procissão do Divino Senhor da Barca do Santuário de Santo Antão para a localidade da Parada
A população de Alfândega da Fé, distrito de Bragança, recorreu sábado a um método antigo para pedir chuva, realizando uma procissão considerada outrora infalível para «fazer mudar o tempo».
Há 14 anos que o Divino Senhor da Barca não era transferido do santuário de Santo Antão, junto ao rio Sabor, para a localidade de Parada, numa procissão que tradicionalmente ocorria de sete em sete anos.
«Os anos vinham bons e as gentes não encontravam necessidade para carregar o “santo” e pedir chuva», contou à Agência Lusa o presidente da Junta de Freguesia de Parada, Sérgio dos Anjos Ribeiro, de 69 anos.
A seca deste ano está a fazer desesperar os habitantes desta região, que não vêem germinar as plantas da terra.
Decidiram então recuperar a antiga procissão, transportando, depois de uma missa no santuário, o Divino Senhor da Barca num percurso de cerca de oito quilómetros até à aldeia de Parada.
A imagem «é pesada», disse o autarca, daí a procissão demorar tanto tempo, quase três horas. A viagem começou por volta das 11h00, no santuário. A população acredita que as preces sejam atendidas como noutros tempos.
Até Setembro, a imagem do Divino Senhor da Barca ficará na aldeia de Parada, altura em que será novamente transportada em procissão até ao santuário.
Contudo, esta poderá ser a última vez que as gentes de Alfândega da Fé fazem esta procissão, já que o santuário de Santo Antão da Barca é um dos locais que ficará submerso se a barragem do Baixo Sabor for construída.
Os estudos prévios do empreendimento prevêem a trasladação do santuário, pedra por pedra, para outro local, mas para Sérgio Ribeiro «não será a mesma coisa».
«Tenho amizade àquilo. Fui lá criado com o meu avô, que era ermitão», disse o autarca, admitindo no entanto que «a água faz falta e a barragem poderá resolver o problema».