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Alternativas ao desemprego e à crise

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Fundação Ajuda à Igreja que Sofre promoveu as Jornadas «Cooperar e Competir»

A necessidade de criar “uma frente de solidariedade” no combate ao desemprego, bem como uma intervenção mais activa da Igreja e da sociedade portuguesa na dignificação do mundo laboral, foram algumas das ideias fortes avançadas nas “Jornadas: Cooperar e Competir”, promovidas pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre. O evento decorreu nos dias 25 e 26 de Janeiro decorreram na Torre do Tombo, em Lisboa. Foram debatidas as mudanças socio-económicas com implicações no mundo do trabalho e do emprego. Nas várias intervenções foram avançadas propostas de criação de emprego e de dignificação do mundo laboral. Um dos principais oradores, o padre jesuíta e filósofo francês, Jean-Yves Calvez, abordou as questões do “abono universal” e do direito ao rendimento dissociado do trabalho, defendendo também a criação de novas fontes de trabalho, como o desenvolvimento de novos serviços dirigidos às pessoas. Jean-Yves Calvez, tal como outros conferencistas, recordou a reflexão de João Paulo II sobre o “sentido ético” do trabalho na vida humana, na encíclica Laboren Exercens (1981). O filósofo francês defendeu ainda que a Igreja se deve empenhar na busca de soluções para responder às alterações no mundo do trabalho, em prol da “justiça social”. O economista Alfredo Bruto da Costa, presidente do Conselho Económico e Social, assinalou “a fraca presença do sistema ético-cultural” nas sociedades actuais e o peso de um modelo económico baseado na propriedade, questionando a legitimidade da apropriação dos “bens da terra” sem ser pela via do trabalho. O presidente do Conselho Económico e Social sublinhou que o desemprego é um factor de exclusão e de perda de identidade social, defendendo a criação de um “rendimento básico” à semelhança do que já acontece em certas regiões da Bélgica e dos Estados Unidos. Apostar no trabalho social e no desenvolvimento dos serviços dirigidos às pessoas foram também referidos por Carvalho da Silva, Secretário-Geral da CGTP/IN. O dirigente sindical lembrou a existência de cerca de meio milhão de desempregados em Portugal e as desigualdades salariais entre homens e mulheres no nosso país. No último dia, houve lugar ao debate da dimensão humana no mundo laboral à luz da doutrina social da Igreja nas intervenções dos teólogos Arnaldo de Pinho e Jacinto Farias que lembraram a dimensão antropológica do trabalho no cristianismo. A crítica à cultura pós-moderna, pela ausência de propostas dignificantes da condição humana no que se refere ao trabalho, foi comum aos dois oradores. Arnaldo de Pinho sublinhou a necessidade de reformar a educação e o sistema político, de forma a promover um “espírito de solidariedade” nas sociedades. O Padre Jacinto Farias, assistente eclesiástico da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, referiu que “não compete à Igreja resolver os problemas sociais, mas sim iluminá-los” e recordou o espírito da caridade fraterna na comunidade cristã. Paulo Bernardino, presidente do Conselho de Administração da Fundação, destacou “o debate elevado e participativo” nestas jornadas onde “a Igreja Católica surge, mais uma vez, como a entidade mais idónea e responsável para tratar estes assuntos de forma séria, responsável e sem aproveitamentos políticos”. A Fundação Ajuda à Igreja que Sofre pretende publicar brevemente em livro as actas das jornadas “Cooperar e Competir”. Departamento de Informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre


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