Presidente da Comissão Organizadora destaca participações de vários quadrantes
Lisboa acolhe até ao próximo dia 21 de Novembro o Congresso Internacional «Padre António Vieira: Ver, Ouvir, Falar: O Grande Teatro do Mundo», que aborda alguns dos principais temas sobre o estudo da vida e obra deste português, um homem à frente do seu tempo.
O Congresso é um dos pontos altos das comemorações do IV centenário do nascimento do jesuíta português, que se irão prolongar até Agosto de 2009, com um congresso internacional que está a ser preparado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Brasil).
Em declarações ao Programa ECCLESIA, Manuel Cândido Pimentel, presidente da Comissão Organizadora do Ano Vieirino, explica que a extensão das comemorações acontece “sobretudo a pedido do Brasil”, onde se irão encerrar. A adesão brasileira a estas celebrações tem sido muito forte e mostra que “Vieira é um símbolo da relação entre Portugal e o Brasil”.
As diversas iniciativas promovidas ao longo destes meses (www.anovieirino.com) permitem trazer para a actualidade um homem que foi muitas vezes incompreendido e a quem Portugal muito deve.
“Ele não pode deixar de viver na nossa memória, porque faz parte integrante da memória da nacionalidade. Mais, foi de facto, antes do tempo, um defensor dos direitos humanos, não só dos índios – pelos quais ele mais pugnou, é verdade -, porque não deixou de denunciar o inferno da escravatura dos negros e apontar o dedo aos desmandos e desumanidades da inquisição”, assinala Cândido Pimentel.
O património cultural e espiritual de António Vieira representa, ainda hoje, um desafio para a Igreja e é algo que os teólogos devem abraçar, defende o presidente da Comissão Organizadora do Ano Vieirino.
“O humanismo cristão, católico, os seus valores, interessam à Igreja Católica em Portugal. Por outro lado, há a dimensão extraordinária de Vieira, a longa e profunda reflexão teórica sobre o espírito missionário – que pode ser apreciada ao longo da sua obra, mas em especial naquela que ocupou os seus últimos momentos de vida, a Clavis Prophetarum, a “Chave dos profetas” – e o que é isso de ser missionário no interior da Igreja”, diz Cândido Pimentel.
“Penso que essa reflexão não pode ser perdida”, assinala, destacando a coincidência entre o Ano Vieirino e o Ano Paulino que se vive na Igreja Católica, por ocasião dos dois mil anos do nascimento de São Paulo.
Neste ano dedicado a António Vieira tem sido possível, de acordo com Manuel Cândido Pimentel viver “Vieira em festa por todo o Portugal”, juntando municípios, professores, alunos e artistas.
Outro momento marcante destas comemorações acontece esta Terça-feira, com a assinatura do protocolo de cooperação para a constituição da Rede de Estudos Internacional Padre António Vieira (REIPAV), integrando na sua fase inicial sete universidades portuguesas e estrangeiras.
Duas universidades portuguesas (Universidade Católica Portuguesa e Universidade de Lisboa), uma italiana (Universidade La Sapienza de Roma) e quatro brasileiras (Universidade da Amazónia, Universidade de São Paulo, Universidade do Estado do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Pará), integram para já a rede.
Para Cândido Pimentel, este é um “primeiro passo”, procurando “uma rede de estudos internacional que permita a circulação de conteúdos, de projectos, de pessoas”.