Nacional

Aprender na «escola da Eucaristia»

Diário do Minho
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Convite aos padres da diocese de Viana do Castelo

«Celebrar a missa é a missão principal do sacerdote» — defendeu o Pe. Dário Pedroso, durante uma intervenção, dia 8 de Novembro, sobre “Eucaristia e caridade pastoral do sacerdote”, no X Fórum Sacerdotal que reuniu, no Seminário Diocesano de Viana do Castelo, cerca de uma centena de padres. Nesta iniciativa consagrada à temática da “Eucaristia e Ministério ordenado”, aquele sacerdote jesuíta começou por caracterizar o padre como o homem da «humildade e disponibilidade ao serviço dos outros» mandando-o aprender na «escola da Eucaristia». Esta atitude de «serviço em entrega», que é garante de uma «celebração com seriedade», começa antes da celebração, cuja principal imagem é o jeito de Cristo no Lava-pés. Na preparação próxima da celebração, esta vivência deve estar presente no espírito do celebrante de modo que aquando da celebração possa, além de comungar Jesus Cristo, «comungar [também] os irmãos» sob pena de, se assim não for, a missa ser incompleta, à semelhança do que acontece quando o participante não comunga o “Corpo de Cristo”. Isto é tanto mais relevante para o presidente da celebração e da comunidade, quanto o «padre é o homem de coração universal, aberto e rasgado para acolher a todos, de modo particular os mais pobres, aos mais marginalizados», ainda que, acrescentou em tom irónico, «alguns sejam mais intragáveis do que outros». O sacerdote, que na preparação da missa já teve em conta este aspecto da caridade, é ao sair da celebração que vai «exercitar a caridade», até porque participou da «escola de Jesus» que no altar se dá plenamente a todos. Por conseguinte, justificou, celebrar a missa é aprender a dar-se aos outros; e continuar «egoísta ou hedonista é um pecado», já que a Eucaristia é «escola de dom». Dário Pedroso não tem dúvida de que o sacerdote é chamado a ser «pão para os outros e pão para um mundo novo», porque é na celebração do sacramento central de toda a vida da Igreja que se «prova quanto vale cada homem para Jesus se imolar por ele». O outro nome da caridade, concluiu Dário Pedroso, é a «unidade». «Tudo leva o cunho da unidade e nós andamos cada vez mais desunidos», desabafou o conferencista chamando a atenção para a necessidade de «crescer para a unidade a fim de que o mundo acredite cada vez mais». A universalidade da Eucaristia vivida em assembleia Este fórum caracterizado como uma «reflexão em presbitério acerca da grande riqueza que Jesus Cristo nos deixou», contou com a participação do cónego Manuel Joaquim da Costa, que sublinhou alguns aspectos pastorais da Encíclica papal “A Igreja vive da Eucaristia”. O reitor do Seminário Menor de Braga salientou que a assembleia é a forma a primeira da presença de Jesus Cristo e que por isso, mais do que uma alegria pimba, é necessário expressar a verdadeira alegria vivida no coração cada vez que a Missa é vivida. Recordando que a Eucaristia é a «tradução da dinâmica do mistério pascal», Manuel Joaquim apelou ao recentramento na pessoa de Jesus Cristo da celebração da missa e de todos os sacramentos, permitindo, numa visão mais aprofundada, a abertura à universalidade. A Eucaristia, mesmo quando celebrada na mais pequena capela da mais recôndita aldeia, «é sempre celebrada sobre o altar do mundo», disse, citando a encíclica. Aos sacerdotes presentes avivou a memória da necessidade de o exercício pastoral constituir o dever de abrir a todas as dimensões doutrinais, coisa que «obriga a um tempo de paragem e de reflexão pessoal» que deve ser acompanhado de «contemplação». Do ponto de vista pastoral, o conferencista chamou ainda atenção para a urgência de sublinhar a «ligação directa entre a Eucaristia e o seu culto fora da missa», nomeadamente a adoração ao Santíssimo Sacramento, «fonte inesgotável de santidade». Durante um espaço de diálogo com os participantes, o padre Dário Pedroso aproveitou para denunciar «a falta de homilias sobre a própria Eucaristia», enquanto o cónego Joaquim da Costa falava da personalização desta, considerando urgente a sua libertação da «roupagem do mito». O andamento do Sínodo Diocesano, agora que entrou na sua última fase, foi a temática que levou a falar no forum o padre José Correia Vilar, coordenador de todo o processo.


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