O Arcebispo de Braga agradeceu, ontem, na Sé Catedral, a passagem de João Paulo II pela Igreja Católica e pelo mundo. Na homilia, que proferiu durante a concelebração eucarística em memória do Sumo Pontífice falecido, D. Jorge Ortiga referiu que «o Papa deve continuar na nossa mente», uma vez que «a sua passagem pela Igreja deixou marcas e pegadas».
Perante a assembleia de fiéis, que lotou a Sé, o prelado parafraseou os discípulos de Emaús nas palavras escolhidas pelo próprio Papa para sintetizar o seu último programa pastoral no Ano Eucarístico – “Mane nobiscum” (Fica connosco).
«Que Deus deixe “ficar connosco” a mesma ânsia que João Paulo II teve em anunciar corajosamente o Evangelho; a atitude contemplativa de reconhecimento para encontrar a voz de Deus que interpela e convida; a paixão pelo Homem, sem distinção de raças e credos, e no carinho e ternura pelos mais pobres e indefesos; a predilecção pelos jovens; a atenção aos lares, onde o amor se impõe de uma maneira estável e única; a vontade de procurar que muitos nos procurem».
Na presença de D. Antonino Dias e D. António Santos, Bispos Auxiliares bracarenses, D. Eurico Nogueira, Arcebispo Emérito de Braga, e D. Carlos Pinheiro, Bispo Auxiliar Emérito bracarense e Titular de Dume, também salientou o dom da vida de João Paulo II, «não só como chefe da Igreja Católica, mas, sobretudo, pelo servo de Cristo, edificador dessa Igreja. Interpretou a missão que Deus lhe confiou e foi fiel a essa vocação».
«Na encíclica programática do seu pontificado — “Redentor do Homem” —, o Sumo Pontífice apresentou o Homem como o caminho fundamental da Igreja. Encontrou-se com este através da arte de comunicar o Evangelho como Boa Nova, onde Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Não se tratou de comunicar uma ideologia — pois João Paulo II contribuiu para relativizá-las — mas pretendeu que a humanidade se apaixonasse por Cristo, “Senhor da História”, e que este entrasse no coração das pessoas e na vida das instituições», explicou D. Jorge Ortiga.
Por esse motivo, João Paulo II «anunciou a verdade e a importância de um humanismo integral, que levasse à santidade. Ninguém canonizou e beatificou tantas pessoas como ele. Fê-lo para recordar que a santidade leva à alegria plena, verdadeira e autêntica», acrescentou.
Finalmente, o Arcebispo de Braga salientou que o Santo Padre «congregou o Homem na unidade, que não destrói a diversidade. Estimulou-a e promoveu-a, afirmando que o diálogo é o caminho do entendimento mútuo a nível pessoal, comunitário, ecuménico, inter-religioso e com os não crentes. A paixão pelo diálogo é a certeza da paz e concórdia entre todos».