O Arcebispo de Évora, D. Maurílio de Gouveia, quer acabar com os equívocos em relação às instituições de solidariedade da Igreja, de modo a que não sejam olhadas como organismos estatais.
“Não raramente as pessoas até julgam que as instituições privadas, com acordos de cooperação com o Estado, não passam de serviços públicos, o que é francamente prejudicial ao testemunho que são chamadas a dar”, escreve o prelado para o semanário diocesano “A Defesa”.
Recordando que a acção social realizada pelas instituições de solidariedade da Igreja atinge no nosso país uma elevada percentagem – na Arquidiocese de Évora a percentagem é bastante superior a 70%, em algumas valências – e que a sociedade, “sobretudo nos seus grupos mais carenciados”, reconhece essa acção, o Arcebispo lança o alerta de que “nem sempre a mensagem dum tal testemunho das instituições cristãs de solidariedade social passa para a opinião pública com total transparência”.
“Para tal, como é óbvio, o mais importante é que as próprias instituições se deixem sempre conduzir pelo espírito evangélico do amor e do serviço; e aqui se coloca um problema essencial: o da formação dos que trabalham naquelas instituições”, aponta.
A formação dos funcionários de que fala D. Maurílio, para os casos das instituições católicas, passa pela “formação técnica, mas também religiosa e cristã”.
“Sem uma tal formação cuidada e séria, as instituições acabariam por ficar descaracterizadas, perdendo a sua identidade”, assegura.
O empenhamento da Igreja na área social é justificado pelo Arcebispo como sendo uma consequência da vida de fé dos católicos e não de uma “perspectiva política ou económica”.
“A Igreja não quer, nem deve, substituir o Estado na prestação de tais serviços. É por isso que importa mais a qualidade do que a quantidade; mais o espírito e o nível das obras do que a sua multiplicidade”, conclui D. Maurílio de Gouveia.