Com 75 anos de vida, o seminário de Resende celebra hoje a sua padroeira
Uma história com 75 anos de vida. Referimo-nos ao Seminário de Resende, que celebra hoje, dia 11 de Fevereiro, a festa da sua padroeira: Nossa Senhora de Lurdes. Uma instituição que “teve e terá uma importância extraordinária para a nossa diocese” – confessou à Agência ECCLESIA D. Jacinto Botelho, Bispo de Lamego.
Situado numa quinta que foi adquirida pela diocese e onde se venerava já Nossa Senhora de Lurdes. Aliás, essa imagem “está no pórtico da actual capela do seminário” – disse o prelado. No início tinha umas instalações relativamente precárias mas a “grande remodelação foi no tempo de D. António Xavier Monteiro”. Hoje, como estrutura “é modelar” – salienta D. Jacinto Botelho.
Ao longos destes anos passaram por lá muitos rapazes, uns foram até ao fim outros saíram antes dos tempo mas “continuam fiéis e dão testemunho da fé cristã ” – sublinhou o prelado. Os sacerdotes que passaram por “este seminário estão claramente marcados por um tipo de formação que foi aqui adquirida” – disse o Pe. Paulo Alves, vice – reitor do Seminário de Resende
Para além da formação ministrada aos rapazes (7º ano ao 12 º ano) desenvolve também uma actividade paralela “muito importante: o Pré-Seminário”. Embora frequentando outras escolas são acompanhados, periodicamente, por esta equipa. Os seminaristas, com idades compreendidas entre os 11 aos 18, idade nevrálgica para o desenvolvimento humano, recebem aqui uma formação “absorvida, praticamente, na totalidade” – menciona o vice – reitor.
Os antigos alunos receberam ali “marcas sacerdotais” porque “foi-lhes incutido o selo de Jesus Cristo”. A presença de muitos ex-seminaristas significa o valor “que o seminário teve para as suas vidas” – adiantou D. Jacinto Botelho.
Cândido Teixeira e Adão Sequeira são dois alunos ex-seminaristas daquela instituição. Presidente e Vice – Presidente da Associação de Antigos Alunos dos Seminários de Lamego referiram à Agência ECCLESIA que aquela “casa ficará sempre na minha memória”. O presidente da ASEL, Cândido Teixeira, leu mesmo uma missiva que tinha endereçado ao Seminário no dia que se celebra a sua padroeira. No documento recorda “os saudosos momentos vividos naquela primeira e verdadeira casa”. Aos que por qualquer razão se afastaram, Cândido Teixeira pede “que expliquem as razões desta controvérsia e afastamento”. E confessa um desejo para o encontro dos antigos alunos, a realizar dia 1 e 2 de Maio: “gostaria de ver aqueles que deixaram o cristianismo praticante. Desabafem e falem connosco”.
Nem tudo foram rosas porque “tivemos muitos espinhos” mas “foi uma verdadeira escola de educação”. E avança: “quando olhamos para trás.... a nostalgia aparece” – salienta Cândido Teixeira. Os primeiros passos nesta descoberta vocacional foram “marcantes e estruturantes” – disse Adão Sequeira. Sendo natural de Cinfães, onde a cultura “não era abundante”, o vice – presidente da associação e um dos fundadores da mesma refere as “marcas indeléveis” que o seminário lhe deixou. Este elemento esteve cerca de 10 anos no seminário, (de 1958 a 1968), refere também que os métodos seguido “eram da época” e “não se podem comparar com os actuais”. Tempos antigos guardados no baú das “boas recordações” – finalizou Adão Sequeira.
Este ano celebra-se também o quinquagésimo aniversário do romance de Vergílio Ferreira - «Manhã Submersa» - que relata a experiência do autor no Seminário Menor do Fundão. Apesar de não conhecer a realidade do referido seminário citado na obra, D. Jacinto Botelho refere que “há sempre aspectos que podem ser corrigidos. Tudo quanto é humano está marcado por uma certa imperfeição” Para o prelado, este romance “tem muito exagero e uma certa corrente anti-clerical”.