Jornadas de História Religiosa sobre "Igreja e Liberalismo", em Évora.
Algumas facetas da História Religiosa “estão por conhecer” porque “temos muitas nuvens” – concluíram os participantes das segundas Jornadas de História Religiosa do Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE), realizadas naquela cidade, nos dias 23 e 24 de Abril. “A Igreja e o Liberalismo” foi o tema central desta iniciativa que pretendeu “desbravar alguns caminhos” – disse à Agência ECCLESIA o Pe. Joaquim Lavajo, professor do ISTE. Tanto da “Igreja como do poder liberal assistimos a um extremar de posições”.
Este historiador confessou que o período do liberalismo “foi muito difícil para a Igreja e provocou-lhe muitos dissabores” mas “obrigou que esta tomasse consciência de si mesma”. Perante esta situação, a Igreja foi obrigada a entrar no “campo do adversário”. E cita o decreto de 5 de Agosto de 1833 - “uma intromissão do poder civil na esfera do eclesiástico” – que “obrigou a Igreja a saber auscultar o que vinha de fora” – realçou Joaquim Lavajo.
Esta experiência trouxe novidades à Igreja e consciencializou-a que “não pode mudar ao seu gosto” porque “tem de saber adaptar-se às circunstâncias, mesmo adversas”. Segundo este professor do ISTE, a Igreja contemporânea ainda sofre as consequências do Liberalismo porque este “ainda é um problema em aberto”. A expulsão das Ordens Religiosas, em 1834, foi “um mal irreparável” mas “levou a Igreja à convicção que estas já estavam a morrer”. Com Ordens Religiosas fortes “não teria acontecido o que aconteceu”.
Com a implantação do Liberalismo, uma das regiões que sofreu mais foi o Alentejo. A dessacralização desta região foi também foi objecto de reflexão porque grande parte do Alentejo “era evangelizado pelas Ordens religiosas”. Com a expulsão destas, as casas “fecham” e esta “mão de obra eclesiástica é silenciada” – analisa o Pe. Joaquim Lavajo.