Colóquio promovido pela Casa de Saúde S. João de Deus - Funchal
As «dores» da família que têm membros com doenças mentais estiveram em destaque num colóquio sobre a Família e Saúde Mental, realizado na Casa de Saúde S. João de Deus, no Funchal, dia 24 de Junho. Perante estas situações, o Pe. Aires Gameiro, director da referida casa, disse à Agência ECCLESIA que, “muitas vezes, essas famílias isolam-se e por vezes, por falta de apoio, é a mãe que se mantém mais ao lado do filho doente”. Segundo dados recolhidos com o passar dos anos, o Pe. Aires Gameiro refere que as mães “não abandonam os filhos doentes” enquanto os pais “é mais frequente abandonarem os filhos e, inclusivamente, a mulher”.
Ainda no capítulo das «dores», o director da Casa de Saúde S. João de Deus – Funchal adianta que muitas famílias sofrem “do estigma” e são apontadas como “a família de... a família com...”. A abertura das instituições deste tipo e a formação nesta área são caminhos de ajuda às famílias. Em 2003 viveu-se o Ano Europeu da Pessoa com Deficiência. Muitas comemorações e “muitas boas intenções” mas depois, na prática e no concreto, pergunta-se: “que medidas para ir ao encontro de melhor qualidade de vida para essas pessoas?”. Os apoios “tardam em chegar para essa área” – disse. Para além deste ponto – salienta o Pe. Aires Gameiro – “lidamos com muitas barreiras arquitectónicas”.
Na celebração do décimo aniversário do Ano Internacional da Família, o Pe. Aires Gameiro referiu também as alterações no seio da família ao longo dos tempos. Enquanto no início do século passado “tínhamos muitas famílias numerosas, com mais de uma dezena de pessoas, actualmente, existem “muitas famílias constituídas por três pessoas”. E acentua: “são os problemas da natalidade muito baixa e também da solidão”. Ao falar das estatísticas europeias, um dos conferencistas realçou que os países “parece que estão organizados, de tal maneira ,que ajudam mais os divorciados do que as famílias unidades”. Situações ao “nível da fiscalidade” – disse o Pe. Aires Gameiro. E acrescenta: “parece que há políticos - disse o orador – que estão mais interessados em deitar a família abaixo do que a manter”.