Nacional

As festas de Santo Antão

Octávio Carmo
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A popular devoção a Santo Antão, cuja festa litúrgica é celebrada amanhã, muito tem a ver com a sua ligação à protecção dos animais, tão importantes para quem vive da terra. Uma das mais populares celebrações em que o religioso e o profano se encontram profundamente ligados acontece na Festa de Santo Antão de Óbidos. São 150 degraus os que é preciso subir para chegar à ermida de Santo Antão, no cimo de um amplo cabeço, com o mesmo nome, com cerca de 80 metros de altura. A tradição de os romeiros acendem centenas de fogueiras afim de nelas assarem os chouriços, em acção de graças ao Santo, fez com que a festa começasse a ser mais conhecida como “Santo Chouriço”, mas o esforço do pároco local repôs a homenagem a Santo Antão no primeiro plano das celebrações. Desde há muitos séculos que é a este santo que os portugueses recorrem em caso de doença, ou de desejo de uma boa ninhada, fazendo uma promessa a Santo Antão para que tudo corra bem. Em Óbidos as promessas são pagas na casa de esmolas ou na sacristia; recebendo em troca, como “recibo”, uma vela enrolada numa fita de nastro cor-de-rosa, e um “registo” do Santo. As fitas cor-de-rosa devem ser amarradas à cabeça dos animais para ficarem protegidos contra qualquer mal. Estas fitas designadas, entre os romeiros, por “sacramentais” são previamente benzidas. Conforme relata a autarquia local, actualmente poucos são os que pagam as promessas em géneros. Dirigem-se à casa das esmolas, ou à sacristia a fim de comprarem as velas coma as fitas cor-de-rosa e os ex-votos de cera, dos animais sobre os quais recaíram as promessas. Alguns dos ex-votos são queimados conjuntamente com as velas no tabuleiro, contudo, a sua grande maioria é depositada aos pés da imagem do Santo. Como ficou claro, esta é uma devoção muito antiga . Nesta localidade portuguesa a igreja foi construída em 1356 e desde essa altura que, todos os anos, sobem ao monte milhares de pessoas. Na história da Igreja Santo Antão é conhecido como o grande iniciador da vida monástica. Viveu por volta de 251-356, levando homens e mulheres a renunciarem ao dinheiro, ao casamento e a qualquer privilégio para viverem o Evangelho numa vida em comum.


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