Este Encontro-Peregrinação, que decorreu em Fátima, nos dias 5 e 6 de Março, nos espaços do Edifício Paulo VI, foi subordinado ao tema: “Que fazer hoje para amar sempre?”.
Um grupo de jovens da paróquia de Santiago de Bougado, Diocese do Porto, orientados pelo Casal Leopoldina e Júlio Paiva, reflectiram sobre um texto que lhes foi proposto e que contava a história de um grupo de tartarugas tristonhas, que conseguiu convencer uma linda e encantadora cotovia a arrancar, cada dia, uma pena das suas asas, por forma a não mais voar e, assim, ficar para sempre na companhia das tartarugas, onde havia alimento em abundância.
Mesmo tendo que renunciar à sua natureza, a ave aceitou o desafio, não reflectindo muito sobre a atitude que iria tomar. Quando já não era capaz de voar e estava bem gorda, a cotovia foi ameaçada violentamente por uma doninha. Pediu socorro às suas “amigas” tartarugas, mas não a puderam ajudar. Abandonaram-na! A cotovia teve então um triste fim! Morreu!
Em grupo tentámos perceber melhor a mensagem do texto, reflectindo sobre as atitudes das tartarugas e da cotovia e sobre os ensinamentos que podemos tirar para a nossa vida, ao ouvir esta história.
Para nós, as tartarugas são personagens egoístas e possessivas, que apenas se preocuparam com elas mesmas e desejaram a alegria e a jovialidade da cotovia.
Ainda que não quisessem causar a morte à ave, as tartarugas procuraram, insistentemente, encontrar a felicidade que não tinham, à custa da jovem cotovia. Pensaram, somente, no bem delas, ignorando, por completo, a ave e o que lhe poderia suceder no futuro.
Por seu lado, a cotovia mostrou-se muito influenciável e com uma personalidade frágil. Rapidamente se descaracterizou, face às facilidades que, aparentemente, a vida lhe propunha.
Temos que nos ajustar ao meio em que nos inserimos, mas nem sempre é fácil saber onde está o nosso limite, de maneira a não deixarmos de ser nós mesmos. A ave foi perdendo, lentamente, as penas, pelo que não se apercebeu das mudanças graduais que foram sucedendo e que se mostraram desastrosas para ela.
O caminho mais fácil não é, de todo, o mais enriquecedor e seguro. Subjugarmo-nos às facilidades não é o trajecto mais correcto, pois, mais cedo ou mais tarde, haverá sempre algo que nos mostre que errámos, tal como aconteceu com a cotovia.
Seguir uma vocação pode não ser uma opção simples e linear, uma vez que as pressões externas podem levar-nos a soluções superficiais. É fundamental que nos conheçamos bem e tenhamos grande apoio, sobretudo da família, que esperamos esteja sempre do nosso lado.
Podemos renunciar à nossa vocação, o que, muito provavelmente, nos fará morrer por dentro, um pouco cada dia, na sequência de diversas frustrações e desilusões, que vamos acumulando ao longo do tempo. Chegamos a um ponto que pode ser tarde para recomeçar.
Deus tem um grande projecto para nós – sermos felizes e fazer felizes os outros – por isso nos deu asas, para que possamos voar no sentido desse grande sonho. Que fazer então para pôr os nossos talentos a render?
Na sociedade ocidental actual, fruto da velocidade tão acelerada da vida, os jovens sofrem de uma profunda falta de tempo e vontade para “parar para pensar”. É muito importante escutar verdadeiramente o que nos vai cá dentro e então assimilar, com mais sucesso, toda a informação relevante, que todos os dias nos chega do exterior.
“Escutar o coração” faz-nos conhecer o que somos e como somos, porque todos somos diferentes e ninguém reage da mesma forma.
Somos chamados a absorver novos conhecimentos que nos permitam consolidar os grandes valores e questionar outros, de forma a progredirmos saudavelmente. Podemos oscilar entre diversas posições, mas sempre voltando a uma posição estável, que permita que o nosso edifício se mantenha fiel ao seu projecto.
Pensamos que, actualmente, as tartarugas da nossa sociedade são representadas pelos mass media (em particular a TV que nos faz crer que não há regras e que tudo é normal e moralmente aceitável), a moda, a publicidade, os jogos, a alimentação, as diversões, as personalidades famosas, etc.
Assim, as grandes tentações dos jovens são o sucesso e a fama, que muitos tentam alcançar a todo o custo, porque, tantas vezes, na base não está o amor, mas antes a rejeição. Todos temos a necessidade de ser desejados e compreendidos no seio do nosso grupo, seja ele a família, os amigos ou o trabalho!
Torna-se simples desejar resultados fáceis, que requeiram pouco dispêndio de tempo!
É, pois, essencial tomar por modelos as grandes referências familiares da nossa vida, para não cedermos à ligeireza, que, por vezes, camufla os acontecimentos importantes da vida para que não nos aconteça o mesmo que à cotovia - a perda da sua essência!
Como dizia Victor Hugo: “A felicidade suprema na vida é a convicção de sermos amados.”