Nacional

As Quarenta Horas

Voz Portucalense
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A devoção denominada quarenta horas consiste na oração diante do Santíssimo Sacramento, em memória das quarenta horas de Cristo no sepulcro. Teve início em Milão em 1527, por iniciativa do P. Gian António Belloti. A sua difusão deve-se ao fundador dos Barnabitas, Santo António Maria Zacarias, e ao capuchinho Giuseppe da Ferno. Por volta de 1550 o jovem Filipe de Neri introduziu-a em Roma. As novas congregações religiosas, dos barnabitas, capuchinhos e jesuítas espalharam esta prática devocional por todo o mundo. Geralemente as quarenta horas iniciavam na segunda-feira da Semana Santa e nalguns casos percorriam várias igrejas desde o Domingo de Ramos até Quarta-feira Santa. Primitivamente tinham como motivação orar pela unidade dos cristãos e pela paz entre as nações. A ideia da reparação seria acrescentada posteriormente, com o desenvolvimento de uma concepção de Deus marcada por sentimentalismo pietista. Mais fecunda na história da espiritualidade será a ligação entre adoração da eucaristia e caridade, acolhimento de Cristo vivo na pessoa dos pobres, depois de educar o olhar na contemplação da eucaristia. Nos finais do século XVI a oração das Quarenta Horas é estabelecida como preparação das festas, em diversas igrejas elencadas pelo Bispo. Por vezes preparava a festa do Corpus Christi. Nalguns lugares precedia a festa do Pentecostes. Para regular e pôr ordem nas exposições do Santíssimo Sacramento a Congregação dos Ritos, em 26 de Fevereiro de 1628, estabeleceu que nenhuma exposição se podia fazer, mesmo nas igrejas dos regulares, sem autorização episcopal. Em Portugal, adevoção chega a Lisboa no ano de 1608, parece que pela mão dos carmelitas descalços, em quase simultaneidade com os jesuítas. P. Carlos A. Moreira Azevedo


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