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Autárquicas: menos abstenção, mais decisão

Conferência Episcopal Portuguesa
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A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que as eleições autárquicas do dia 11 convidam a “uma maior atenção para que se possa denunciar quem não serve, nem dá garantias”.

Na Nota sobre as eleições intitulada "O direito e o dever de votar", os Bispos do nosso país escrevemm que “a eleição para as Autarquias Locais tem merecido o maior interesse das populações e, por isso mesmo, nela se tem verificado a menor abstenção”.

“Os eleitores conhecem as necessidades concretas, as pessoas propostas com a sua competência e honestidade, os méritos e os desvios do trabalho até ali realizado. Tudo isto, para os eleitores, se torna determinante”, indica a CEP.

O documento deixa um apelo aos candidatos e eleitores, reconhecendo a acção política como uma “arte nobre”: “Não podemos deixar de apelar, aos políticos em acção e aos candidatos à eleição, que se empenhem, com o seu exemplo e testemunho, em dignificar a actividade política, na edificação de uma sociedade justa e fraterna, sempre possível e mais necessária numa sociedade plural e democrática”.

No editorial que escreveu para a Agência ECCLESIA, o Cón. António Rego questiona, a respeito das autárquicas se “haverá democracia na miscelânea de interesses imediatos e de conluios com caciques com fachada de benfeitores”.

“Grande parte dos votos tem este cenário e recai sobre pessoas mais que conhecidas. Por isso se pergunta: será que o coração deixa funcionar a razão na eleição dos governantes locais? Será a comunidade lúcida na escolha dos homens e mulheres que vão gerir os seus destinos? Não será necessário escolher os melhores em vez dos mais amigos e simpáticos?”, questiona o director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja.

O acto eleitoral não foi abordado na última reunião do Conselho Permanente da CEP, que esta semana decorreu em Fátima. No entanto, o Pe. Manuel Morujão, secretário do organismo episcopal, admitiu haver preocupação em relação à abstenção.

"Certamente, como a todos, preocupa-nos a abstenção, o exercício do direito cívico, que é ao mesmo tempo um dever cívico", declarou, desafiando "os cidadãos mais dinamizados pela ética cristã" a concretizar "esse direito que é, simultaneamente, um dever".

Nessa mesma ocasião, o secretário da CEP disse esperar "bom senso e boa vontade" para se encontrar uma solução de governabilidade para o país.

Da reunião de Fátima saiu também o anúncio de uma nota pastoral sobre a eutanásia, que deverá ser aprovada em Novembro na Assembleia Plenária dos Bispos. Já em Abril, a CEP tinha referido estar a estudar o tema e as “intenções legislativas sobre a matéria”.

“Temos obrigação de ajudar os nossos irmãos a percorrer com dignidade a fase terminal da vida, para o que muito contribui a própria ciência médica, através dos cuidados paliativos e da terapia da dor”, escrevia então a CEP.



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