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Baixo Alentejo vai contar com rotas do património religioso

José António Falcão
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Comemorações das Jornadas Europeias do Património na igreja matriz de São Cucufate de Vila de Frades (Vidigueira), em 28 de setembro, chamam a atenção para a importância dos itinerários turísticos como factor de desenvolvimento

A Diocese de Beja vai realizar, no próximo dia 28 de Setembro, pelas 17.30 H, na Igreja Matriz de São Cucufate de Vila de Frades (Vidigueira), por ocasião das Jornadas Europeias do Património, a Sessão de Apresentação dos Itinerários do Património Religioso do Baixo Alentejo, que incluem um conjunto de rotas temáticas que unem as principais igrejas históricas da nossa região, infelizmente pouco acessíveis até agora ao público em geral. A Diocese de Beja vai promover a abertura, no próximo ano, de um conjunto de percursos culturais que visam um acesso mais alargado do público às principais igrejas históricas sob a sua tutela, de modo a facilitar a circulação de visitantes através de itinerários de turismo cultural, religioso e ambiental devidamente sinalizados e organizados. Esta iniciativa incide, numa primeira fase, em cerca de meia centena de edifícios de grande interesse patrimonial, distribuídos praticamente por todo o Baixo Alentejo. A maior parte deles têm vindo a ser alvo de obras de conservação e restauro, em colaboração com outras instituições, como o Instituto Português do Património Arquitectónico, o Instituto Português de Conservação e Restauro, a Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais e as autarquias locais. Mais adiante, uma vez feita a avaliação desta etapa, o esforço de abertura será alargado a outros edifícios igualmente da maior relevância para a região. Desde há muito que se vem fazendo sentir, no Alentejo, a necessidade de criar infra-estruturas fundamentais para a circulação dos turistas interessados no seu riquíssimo património religioso. Até há algumas décadas, facilitava-se o acesso às igrejas, chegando mesmo a confiar-se a chave aos visitantes. Com o aumento do número de furtos e actos de vandalismo numa zona onde a depredação do património registou números preocupantes, foi necessário proibir esta prática, que criava vulnerabilidades. A entrada nos templos históricos fora do horário de culto passou então a tornar-se muito difícil, levando frequentemente “a bater com o nariz na porta”, com tudo o que isso tem de pouco positivo. Daí a necessidade de se encontrarem alternativas que envolvam as próprias comunidades e promovam a sua intervenção na salvaguarda e valorização de uma herança cultural cheia de potencialidades – e que pode ser um valioso instrumento na luta contra a desertificação humana nos territórios do Sul. O programa delineado pelo Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja prevê o funcionamento de diversos itinerários temáticos. Um deles, estudado com um intuito bem evidente de diálogo interreligioso, valoriza a relação entre as três “Religiões do Livro” (o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo), unindo localidades em que a convergência destas tradições religiosas foi particularmente importante. Outra rota põe em destaque as antigas instituições monásticas e conventuais, tanto masculinas como femininas, desaparecidas há muito, mas cujas igrejas sobreviveram, conservando patrimónios dignos de referência. As ordens militares do Templo, do Hospital, de Santiago e de Avis deixaram também marcas a não esquecer. O seu legado plurissecular vai ser invocado num percurso que procura igualmente ressuscitar os antigos tramos do Caminho de Santiago que atravessavam o Alentejo, uma realidade quase esquecida, embora de grande significado em 2004, quando se comemora em Compostela o Ano Santo. Finalmente, existe o propósito de valorizar os santuários de peregrinação que estiveram ligados às antigas canadas reais por onde se fazia a transumância dos rebanhos de gado entre Portugal e Espanha e deram origem a todo um conjunto de festividades e costumes ligados ao pastoreio que importa não deixar perecer. Estas propostas de visita ao território alentejano irão ser desenvolvidas ao longo de três anos, contando com a parceria de organismos do Ministério da Cultura, das regiões de turismo, das câmaras municipais e de outras entidades presentes no terreno. José António Falcão Director, Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja TM 917327305 - 917502842


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