Bento XVI: Recolhimento e silêncio são exemplo para o mundo atual
Porta-voz da CEP identifica alguns momentos marcantes do pontificado do Papa emérito
Lisboa, 06 fev 2014 (Ecclesia) – O porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), o padre Manuel Morujão considera que o recolhimento a que Bento XVI se entregou há quase um ano tem, “um significado profundo e exemplar que contrasta com o mundo atual”.
“Este recolhimento tem um significado profundo e exemplar que contrasta com o mundo atual onde se vive no ruído, num rodopio mostrando que é preciso saber viver a dimensão profunda de cada um”, disse o padre Manuel Morujão em entrevista à Agência ECCLESIA.
“Saber guardar silêncio e não interferir na ingerência do seu sucessor é um grande testemunho e purifica a ação de cada um, é saber entrar no palco mas também sair”, mostrando que “quem não sabe guardar silêncio não sabe comunicar”, sublinha.
“A renúncia de Bento XVI foi um momento de lucidez e de grande coragem” sendo este gesto “um exemplo para todas as pessoas que se encontram em cargos de chefia para que se perceba que o poder é para servir e não para se servir dele”, considera o porta-voz da CEP.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, a respeito do primeiro aniversário do anúncio da resignação (11 de fevereiro) o padre Manuel Morujão considera que “a liberdade interior que Bento XVI mostrou ao se afastar é digna de todo o aplauso sendo que esse gesto trouxe-nos a bênção do atual Papa”.
“Bento XVI é um homem de estudo, um homem profundo, de temperamento tímido que não quis nunca ser protagonista da Igreja, sempre quis que fosse Jesus Cristo o protagonista”.
A encíclica ‘Caritas in Veritate’ contém “conceitos e linhas de ação de grande utilidade não apenas para o agir da Igreja mas para todas as pessoas que se abrem à boa notícia do Evangelho que nesta encíclica está traduzido de uma maneira admirável, no que diz respeito questões como a ecologia e a vida laboral e social”, acrescenta.
Quanto à visita de Bento XVI a Portugal em maio de 2010, o porta-voz da CEP lembra a “onda que se gerou no país de entusiasmo, acolhimento e respeito” para com “um homem que trazia mensagens de paz, de harmonia social e progresso”.
O encontro com as pessoas da cultura no Centro Cultural de Belém em Lisboa demonstrou na opinião do padre Manuel Morujão “que houve uma vibração da fé que não ficou a pairar nas nuvens encarnando no mundo dos artistas, dos pensadores e dos que promovem a cultura”.
Ao longo do seu pontificado, Bento XVI lidou com casos de pedofilia e abusos sexuais que envolviam membros do clero, com lutas de poder na Cúria Romana e com suspeitas de corrupção em instituições como o Banco do Vaticano, “lidando com tudo de uma forma muito corajosa, atuado com firmeza e clareza”.
A trilogia ‘Jesus de Nazaré’, escrita por Bento XVI, é outro dos legados que o Papa emérito deixa à Igreja Católica, ele que “é um grande teólogo e um grande intelectual”, considera o porta-voz da CEP em entrevista à Agência ECCLESIA.
MD
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