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Bento XVI: Reitora da UCP considera que renúncia foi uma «lição de humildade»

Agência Ecclesia
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Maria da Glória Garcia destaca exemplo dado pelo Papa emérito a quem detém qualquer poder

Lisboa, 05 fev 2014 (Ecclesia) –A reitora da Universidade Católica Portuguesa (UCP), Maria da Glória Garcia considera que Bento XVI deu  “uma lição de humildade” ao renunciar ao pontificado, algo “que é muito difícil de ter para quem detêm o poder”.

“É uma lição de humildade que é muito difícil de ter para quem detêm o poder porque quem tem o poder gosta de o exercer até ao fim”, disse a reitora da UCP em declarações à Agência ECCLESIA.

A decisão do agora Papa emérito foi anunciada durante uma reunião de cardeais, a 11 de fevereiro de 2013.

“Quem detêm o poder deve ver neste ato algo de muito importante porque o poder é serviço, não nos pertence, é qualquer coisa que se exerce num quadro de liberdade e de responsabilidade até ao momento em que se compreende quais são os limites dessa mesma responsabilidade e dessa mesma liberdade”, refere Maria da Glória Garcia.

A reitora da UCP lembra o momento em que soube da renúncia do Papa, algo que causou uma “enorme surpresa porque ninguém estava à espera, colheu toda a gente com surpresa, cum uma grande incredibilidade”.

Mas depois da surpresa inicial “veio um segundo momento em que se procurou compreender àquela decisão que deve ter sido tão difícil e empreendido no mais fundo de si para consigo e para com Deus”, refere.

Nesta decisão “encontra-se uma grande humildade, uma reflexão sobre o poder e o seu exercício e a forma como este deve ser exercido e ainda a forma como Bento XVI “em liberdade renuncia a esse mesmo exercício do poder e tudo num quadro de uma enorme solidão, em termos pessoais obviamente mas de diálogo permanente com Deus.”

O próximo dia 11 vai marcar a passagem de um ano sobre o anúncio da renúncia de Bento XVI ao seu pontificado e desde então o Papa Emérito optou pelo silêncio.

“Não sabemos se esse silêncio no final nos vai deixar obra escrita para ser meditada ou se pura e simplesmente é um silêncio de reflexão pessoal e de diálogo interior, não sabemos e por isso o melhor é não especular e respeitar apenas a sua decisão”, sublinha a reitora da UCP.

“Respeitemos o homem, a pessoa que ele foi e as lições que ele nos tem dado e seguramente que vai continuar a dar” sendo que esta lição “do silêncio é uma muito bonita” visto que acontece “num período mediático, onde toda a gente se coloca em bicos de pés para ser vista e este é o caso de alguém que escolheu o silêncio, não querendo ser visto ou ouvido”, concluiu.

OC/MD



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