Bento XVI: Renúncia foi «gesto profético»
Padre José Tolentino Mendonça analisa a decisão do Papa Emérito
Lisboa, 05 fev 2014 (Ecclesia) – O diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC), padre José Tolentino Mendonça, define a renúncia de Bento XVI ao pontificado como “um gesto profético” fruto de “uma grande sabedoria espiritual”.
“É um grande gesto profético porque mostra que a vida não acaba com a chamada vida ativa em que fazemos, produzimos, construímos mas que a vida humana também precisa de outras dimensões e nesse sentido o testemunho de Bento XVI é um testemunho de humildade, de desprendimento mas de uma grande sabedoria espiritual”, disse o sacerdote e poeta, em declarações à Agência ECCLESIA.
A 11 de fevereiro de 2013, Bento XVI anunciou a sua resignação, em latim, durante um encontro com cardeais que tinha sido convocado para decidir três causas de canonização, passando com esta atitude um “testemunho a todos os cristãos porque o silêncio e a discrição da sua própria imagem, essa relativização de si que está nos seus gestos por exemplo, são património de futuro que fala muito ao coração de cada cristão”.
Há quase um ano que Bento XVI se dedicou à oração e se mantêm em silêncio, algo que “é uma realidade central da espiritualidade cristã, algo muito significativo” porque “o silêncio não é uma forma de ausência é uma forma de presença”, considera o vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa.
Na opinião do padre José Tolentino Mendonça, Bento XVI marca agora a Igreja Católica com “uma outra presença onde a dimensão espiritual porventura encontra espaço para uma expressão mais plena, mais total”.
“O Papa Bento XVI quando resignou disse que queria retirar-se também para rezar, para refletir” por isso “esta retirada coloca-o de facto num lugar muito especial no coração da Igreja e certamente a sua presença no silêncio faz sentir uma comunhão espiritual muito grande”, acrescenta.
“É um recolhimento verdadeiro, não é uma retirada mas sim uma outra maneira de seguir Jesus e de continuar a sua missão até ao fim”, conclui o diretor do SNPC.
MD
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