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Bento XVI/Portugal: Projeto para repensar ação da Igreja é fruto mais visível da visita papal

Agência Ecclesia
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Bispos avaliam primeiro aniversário da viagem e admitem que é preciso tempo para concretizar indicações deixadas pelo Papa

Fátima, Santarém, 10 mai 2011 (Ecclesia) - O projeto ‘Repensar a Pastoral da Igreja em Portugal’ constitui o resultado mais visível da visita que Bento XVI realizou ao país entre 11 e 14 de maio de 2010, consideram os bispos de Guarda, Viana e Beja.

A génese do documento remonta a 2007, quando os prelados portugueses se deslocaram ao Vaticano para reunir com o Papa e apresentar-lhe os relatórios de atividades das suas dioceses.

O bispo da Guarda, D. Manuel Felício, recordou à Agência ECCLESIA que Bento XVI deixou então um “apelo claro”: “É preciso renovar a formação da fé, para que esta seja renovada e a Igreja se relance no serviço à comunidade”.

A partir desse encontro o episcopado repensou “a maneira de a Igreja estar presente na sociedade”, trabalho que no entender do prelado “foi mais motivado” com a visita do Papa a Portugal.

Para o bispo de Viana do Castelo, D. Anacleto Oliveira, a elaboração do texto, iniciada em 2010, teve “um impulso decisivo” com a passagem de Bento XVI pelo país, “nomeadamente no discurso que fez aos bispos”, quando apelou a que a mensagem cristã apareça com toda a sua “radicalidade e beleza”.

Na diocese de Beja, o seu bispo, D. António Vitalino, procurou que o documento fosse enriquecido com a opinião de 500 pessoas: “Tentámos reunir os colaboradores leigos das paróquias e escutá-los”.

Na última assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, em Fátima, foi apresentado um resumo das reflexões realizadas nas dioceses, congregações religiosas, movimentos e obras eclesiais sobre esta temática, em que entraram “alguns milhares de leigos/as, religiosos/as e sacerdotes”, segundo assinalava o comunicado final do encontro.

A deslocação do Papa alemão a Portugal gerou “um grande entusiasmo”, reconheceu o bispo de Bragança-Miranda, D. António Montes, salientando que as consequências da estadia não são apreensíveis de imediato.

“É preciso distinguir o aparato de uma visita, muitas vezes um fenómeno epidérmico, do real fruto que entra na consciência das pessoas, o que leva o seu tempo”, referiu o prelado.

O bispo António Vitalino destacou, neste contexto, que o Alentejo é uma “região muito dispersa e pouco povoada”, constituída por fiéis com “idade muito avançada”, o que criou dificuldades à exploração das mensagens do Papa.

“Não podemos adotar o ritmo de outras dioceses”, constatou.

Em Fátima, o Papa dirigiu-se à ação social, domínio a que António Vitalino está atento: “Temos tentado ajudar as pessoas para que não sintam tanto os efeitos devastadores desta crise”.

Também o bispo Manuel Felício realçou a relevância das “interpelações” lançadas por Bento XVI, designadamente no respeitante à Pastoral Social, quando já então se assistia ao “aumento constante” do “número de casos difíceis”.

A homilia de Bento XVI durante a missa celebrada no Porto também deixou marcas em Manuel Felício: “Não podemos pensar numa Igreja para dentro”, vincou, sublinhando que os católicos têm de estar “atentos à sociedade e, sobretudo empenhados na nova evangelização e missionação”.

Entre 11 e 14 de maio do ano passado, Bento XVI esteve em Lisboa, Fátima e Porto, celebrando três missas e pronunciando sete discursos, além das três homilias, uma saudação ao Santuário de Cristo Rei e duas mensagens aos jovens.

RM/OC



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