Nacional

Bispo de Beja critica entraves colocados às instituições de solidariedade

Octávio Carmo
...

D. António Vitalino, Bispo de Beja, lamentou as dificuldades colocadas a quem se empenha nas instituições de solidariedade, apontando o dedo a “funcionários dos organismos da tutela, geralmente conectados com o Estado, que nem sempre sabem exercer a sua missão no sentido de estimular a sociedade civil e o seu voluntariado social”. Este responsável lembra que em várias instituições existem “muitos voluntários, a desempenhar tarefas directivas ou como visitadores e colaboradores” e que nas várias valências de apoio em que estão empenhados “sentem alguma dificuldade de funcionamento”, por causa dos referidos funcionários. “Seria bom que todos assumíssemos as nossas responsabilidades, não para complicar a vida às pessoas e muito menos às instituições de solidariedade, mas para nos ajudarmos no sentido de melhor servir os que mais precisam, dentro daquilo que é razoável e está dentro das nossas possibilidades”, indica. Na sua habitual nota semanal para os ouvintes da Radio Pax e leitores dos órgãos de comunicação, o prelado admite que “a nossa sociedade atravessa um momento de algumas perturbações, que afectam a nossa auto-estima e coesão, em vários sectores, sejam eles da área da economia, da cultura e até da religião”. D. António Vitalino destaca que “a pessoa em necessidade deve ter a prioridade, mas também aqueles que voluntariamente a apoiam merecem a nossa gratidão e ajuda. Não é o dinheiro das prestações públicas que paga e cobre todos os nossos serviços, e muito menos a nossa amizade e carinho”. “Sabemos bem que o Estado sem a colaboração da sociedade civil não tem capacidade de arcar com todas as responsabilidades sociais. As instituições que dependem exclusivamente do Estado ficam mais caras ao fisco e não prestam melhores serviços”, assegura o Bispo de Beja. Nesse sentido, defende que “é obrigação do Estado colaborar com a sociedade civil e não suprimi-la ou retirá-la da responsabilidade social, cultural e familiar. E não apenas colaborar, mas até mesmo mostrar apreço e gratidão pelas suas prestações”. “Por isso aqui fica o apelo ao funcionalismo público, para não intervir na sociedade civil com autoritarismo ditatorial, mas na atitude de ajudar a melhor servir. Num regime democrático e social, o Estado não tem o monopólio social, cultural e económico, mas sim a função moderadora e supletiva”, conclui.


Igreja/Estado