A Santa Casa da Misericórdia de Coimbra recebeu no passado dia 18 de Março, o primeiro encontro de reflexão das Misericórdias da Diocese de Coimbra, a pedido de D. Albino Cleto. Presentes estiveram 33 santas casas, de cinco secretariados regionais da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) – Aveiro, Coimbra, Leiria, Santarém e Viseu.
D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra que promoveu este primeiro encontro, pretendeu conhecer melhor e ouvir as preocupações das misericórdias da sua diocese.
Perante algumas críticas que chegaram ao Bispo de Coimbra acerca das misericórdias – onde muitas delas possuíam um valor patrimonial estimável e muitos dos seus dirigentes se servem dos cargos como trampolim para cargos políticos – D. Albino Cleto veio relembrar a primeira encíclica de Bento XVI (Deus caritas est). “O caminho não deve ser de confusão. Não devemos amealhar na terra, mas sim no céu. Aquilo que nos vêm ter às mãos deve ser para servir o próximo. Mas, o serviço supõe providenciar e não para nos envaidecer”, afirmou, apelando para uma “cautela pastoral” neste domínio.
“Temos de amar e servir como cristãos!”, afirmou o prelado da diocese no auditório da Faculdade de Psicologia perante uma centena de participantes.
D. Albino Cleto explicou que é necessário “ter os olhos de Cristo” para acudir a determinadas situações. “É um dever dos católicos, ajudar-nos uns aos outros a resolver os problemas da solidão, do desemprego, da toxicodependência, do alcoolismo, da sida etc…”, rematou.
Para isso, é necessário “servir em diálogo” e “constituir parcerias com outras instituições e não, ficarmos à espera que o Estado resolva” disse o prelado na sua longa intervenção.
Por fim, D. Albino Cleto apelou também para a necessidade de se criar formação aos funcionários das instituições que servem os idosos e as crianças. Outro dos pedidos deixados também neste primeiro encontro foi a promoção de “uma escola de voluntariado” nestas instituições.
O professor José Dias Coimbra, presidente do secretariado regional de Coimbra, fez um balanço positivo acerca deste primeiro encontro, que contou ainda com a participação do padre Vítor Melícias, do secretariado nacional da UMP e do Professor Aníbal Pinto Castro que proferiu uma conferência subordinada ao tema “A Igreja e as Misericórdias, uma Relação Secular”. José Dias Coimbra salientou o facto desta iniciativa ter quebrado as barreiras do distrito, aproveitando, desta forma, para defender uma reorganização na UMP, que passe por redefinir o raio de intervenção dos secretariados regionais, que no seu entender, deveriam coincidir, em termos geográficos, com as comissões de coordenação e desenvolvimento regional. “Neste momento existem muitas estruturas. É ridículo que em 2006 falemos de secretariado regional de Coimbra”, explicou, acrescentando que, nesse aspecto, as misericórdias devem acompanhar a evolução da saúde, sector que lhe é próximo e também ele foi alvo de uma reorganização. Em suma, defendeu a revisão de estatutos da UMP, que se encontram “obsoletos”.
Neste primeiro encontro foram ainda abordados temáticas que entram no domínio de acção das misericórdias, como é o caso da rede de cuidados continuados. Neste aspecto, José Dias Coimbra entende que as misericórdias “são parceiras privilegiadas”, na implementação desta media. A adesão destas instituições às farmácias sociais e a continuidade dos ATL´s foram outros assuntos abordados, sendo que neste último caso, os responsáveis das misericórdias se mostrem preocupados sobre o futuro desta actividade. “Desde a década de 80 que prestamos o apoio às crianças, quando as escolas não tinham ainda capacidade de resposta”, salientou.