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Bispo de Santarém saúda exposição de imagens da Santíssima Trindade

D. Manuel Pelino
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Está patente ao público, no espaço do Seminário de Santarém, uma exposição de imagens da Santíssima Trindade, no contexto do Congresso sobre o Espírito Santo promovido pela Câmara Municipal de Santarém, com o apoio da Diocese. Esta exposição é fruto de uma sensibilidade crescente ao valor e à riqueza de significado do nosso património artístico. Não é apenas uma expressão da nossa cultura e um testemunho da memória colectiva. Constitui também uma linguagem que fala da nossa fé e, portanto, um instrumento de evangelização. De facto, as imagens religiosas representam para os crentes os mistérios invisíveis de Deus, de Nossa Senhora e dos Santos. Perante elas muita gente rezou e continua a rezar. São expressões da fé e ajudam-nos a elevar até Deus. São, igualmente, sinais da proximidade de Deus que acompanha a nossa vida. As imagens religiosas comunicam uma mensagem, têm uma função catequética e cultual. Alguém lhes chamou "a Bíblia dos pobres", por traduzirem em linguagem iconográfica os ensinamentos da Sagrada Escritura para os que não têm acesso à linguagem escrita. Nasceram da fé da Igreja e para transmitir, celebrar e apoiar a vida cristã. Mesmo quando saem do templo para um lugar secular de exposição levam consigo a força religiosa. Não se entendem verdadeiramente fora da perspectiva da fé. Sempre houve reservas a propósito das imagens e algumas religiões, incluindo igrejas cristãs, recusam-nas pelo receio de confundir a representação com o mistério representado. O movimento iconoclasta, apesar de condenado pelo 2º Concílio de Niceia no ano 787, continua influente. Há quem acuse os católicos de prestar culto às imagens. Pode haver esse risco, se forem mal entendidas. Na realidade, não lhes prestamos culto. Apenas as veneramos como retratos de família colocados nos lugares de culto, que são as salas de visitas do povo cristão. A veneração das imagens tem fundamento na Incarnação do Filho de Deus: Se Cristo assumiu as realidades humanas e tornou visível, no seu corpo humano, o mistério de Deus, então é permitido representar os santos mistérios. Perante as imagens devemos adoptar uma atitude de contemplação. Contemplar é ver demoradamente com os olhos da fé e meditar para descobrir o mistério que exprimem. Que podemos contemplar na imagem da Santíssima Trindade? O Pai, representado como um venerável ancião, entrega-nos o Filho na cruz, em que deu a vida por nós, e comunica-nos o Espírito Santo, figurado pela pomba, como se mostrou no Baptismo de Jesus. Recorda-nos a afirmação do Evangelho: "Deus de tal modo amou o mundo que lhe entregou o Seu Filho Unigénito" (Jo. 3,16). Para os fiéis, o Mistério da Santíssima Trindade não deve ser um mistério especulativo e distante da vida. Todos os dias se torna presente quando traçamos sobre nós a benção "Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo" e tocamos a fronte, o peito e os ombros para significar que Deus deve orientar o pensamento, o afecto e as actividades. Este gesto convida-nos a viver na presença e sob a protecção de Deus e a orientar toda a existência para dar glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. A glória de Deus é a vida humana digna e bela. Como dizia Santo Ireneu: "A Glória de Deus é o homem vivo e a vida do homem é a contemplação de Deus". D. Manuel Pelino, Bispo de Santarém


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