Nacional

Bispo de Viseu pede prioridade à Família, à Escola e à Sociedade

D. Ilídio Pinto Leandro
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Homilia de D. Ilídio Leandro na Festa do Instituto de Jesus, Maria e José (Beata Rita Amada de Jesus)

Ainda na oitava do Natal, celebramos a Festa da Família que nos dá o Natal, oportunidade para celebrarmos cada uma das nossas famílias e, por generalização, imaginarmos e apressarmos a concretização do desejo e ideal do Natal – fazer do mundo uma Família. A condição fundamental é criar condições para que os valores do Natal – paz, amor, justiça, direito, solidariedade – beneficiem e realizem todas as pessoas do mundo. Os Bispos Portugueses publicaram, nesta última Assembleia, em Novembro, dois Documentos importantes: uma Nota Pastoral, convidando a que demos “Toda a prioridade às Crianças” e uma Carta Pastoral sobre a Escola, dando, também, prioridade às crianças, adolescentes e jovens, destinatários principais das Escolas e dos valores que elas devem veicular. Precisamos de tomar atenção a estes Documentos, dado que as crianças estão a sofrer os efeitos de uma Sociedade, cada vez mais esquecida da pessoa, privilegiando o lucro, o gozo, o ego, o fácil, o apetecível em qualquer dimensão, sendo as crianças as mais desprotegidas. Quanto à Escola, quem se lembra dos alunos e da sua formação, para valorizar o papel dos Professores e da Comunidade Educativa, tudo fazendo para que, na Escola, o fundamental seja educar e ensinar? A Família e a Escola são instituições fundamentais, antes de quaisquer outras. Precisamos de as tomar em atenção, mais ainda, porque as leis são cada vez mais permissivas, esquecendo a sua função primeira de defender os direitos pessoais, a começar pelos dos mais pequenos, mais pobres e indefesos. Estamos demasiado voltados para a Escola, no que se refere à avaliação do desempenho dos Professores… Estamos, porém, a esquecer a sua razão de ser – a educação, o ensino e a formação integral da criança, do adolescente e do jovem… Mais ainda e a acrescentar aos problemas da Escola, há a diminuição da importância da Família e da Pessoa, com a liberalização do divórcio, com a perda do sentido da vida… Com tudo isto, a criança fica na rua, desprotegida e indefesa e sujeita a todas as deformações que trazem graves consequências comportamentais. Neste Dia da Sagrada Família, neste Tempo de Natal – por excelência o Tempo da Família – nesta Casa de um Instituto com a Sagrada Família por Padroeira e Modelo e onde tantas famílias têm as suas crianças, quero aproveitar para denunciar todos os atropelos e atentados políticos, sociais, familiares e educativos. Com as leis actuais sobre a Família, com o divórcio facilitado e protegido, com o esquecimento e subalternização da criança e da sua educação – na família e na escola – não podemos esperar o melhor. Estas instituições – fundamentais, decisivas e insubstituíveis para um futuro em paz, em desenvolvimento e em humanidade – não estão a ter o lugar, a importância ou o respeito que precisam e exigem para cumprirem a sua missão. Com este estado de coisas, esta falta de valores e esta falta de apoio às instituições educativas, os Pais, os Professores e os Educadores poderão ser heróis e mártires… Porém, as consequências nunca serão as que desejam, por mais que façam para cumprir a sua vocação, o seu sentido de missão e de profissionalismo e o seu nobre dever. “Toda a prioridade às crianças” e “A Escola em Portugal. Educação integral da pessoa humana” exigem reflexão de todos e exigem políticas, empenhamento e critérios a mobilizar toda a Sociedade, num urgente pacto social. A violência doméstica, a violência nas escolas, a situação de medo e de nada se fazer, envergonha-nos como povo, questiona o nosso presente e hipoteca o nosso futuro colectivo. Estamos a criar uma Sociedade anómala, onde ninguém liga a valores nem segue critérios e onde a pessoa humana parece ser a criatura mais descartável da criação. O gesto do Evangelho de hoje pode servir de inspiração: “o velho Simeão tomou a Criança nos seus braços e louvou a Deus”. Que bela imagem, digna de figurar como ícone das nossas famílias, das nossas Escolas, do nosso Governo, da nossa Sociedade!... Digna de figurar em todos os outdoors por aí espalhados, às vezes com figuras e mensagens pouco recomendáveis e nada educativas e exemplares. É a melhor imagem para exemplificar as duas primeiras leituras desta Festa da Família – a relação entre maridos e esposas, filhos e pais, avós e netos, onde a pessoa é valorizada e onde os valores da comunhão e do diálogo entre gerações contrastam com uma família e uma sociedade frias, anónimas, violentas e desumanas que parece nos quererem impor… Para estas atitudes, precisamos de converter o “velho” que há em todos nós em ternura, carinho e acolhimento – valores que abundam em Simeão. Precisamos de dizer aos poderes constituídos na nossa Sociedade que importa dar “Toda a prioridade às Crianças”, com direito a Famílias e a Escolas felizes se quisermos ter Futuro e viver a Esperança. Com esta política e estas opções, as Famílias serão comunidades de vida e de amor; as Escolas serão espaços de vida em crescimento e em diálogo formativo e a Sociedade sairá a ganhar, como globalização de solidariedade em inter-relação fraterna, educativa e profissional… Que a Beata Rita de Jesus, Fundadora deste Instituto e apóstola da Família e da educação dos jovens, interceda por nós; que a Sagrada Família de Nazaré nos inspire a todos e nos ajude a valorizar e a educar as pessoas no sentido da vida, do respeito, do acolhimento e do amor recíproco, servindo as pessoas e as causas nobres da humanidade. AMEN!... ALELUIA!... D. Ilídio Leandro


Diocese de Viseu