Bispo do Funchal faz hoje 75 anos Jornal da Madeira 24 de Agosto de 2005, às 14:34 ... Nascido no dia 24 de Agosto de 1930, D. Teodoro de Faria, bispo do Funchal, celebra hoje (24 de Agosto) seu 75.º aniversário natalÃcio. O cânone n.º 401, §1. Código de Direito Canónico diz o seguinte: «Roga-se ao Bispo diocesano, que tiver completado setenta e cinco anos de idade, que apresente a renúncia do ofÃcio ao Sumo PontÃfice, o qual providenciará depois de examinadas as circunstâncias.» Em nota explicativa, acrescenta o referido cânone: «Este c. recolhe o pedido dos Bispos diocesanos para que apresentem a resignação pelos seguintes motivos: idade avançada ou falta de saúde ou outra causa grave. Esta prescrição foi indicada em termos gerais no Decreto «Cristus Dominus» 21, e foi concretizado no M.P. «Ecclesiae Sanctae» I, 11, determinando que, para efeitos da renúncia ao ofÃcio, se considere idade avançada os 75 anos completos. A renúncia não produz efeitos «ipso iure», mas compete ao Romano PontÃfice aceitá-la ou não, depois de ponderar as circunstâncias». Quem conhece a praxe ortodoxa de D. Teodoro, não pode duvidar de que tenha já cumprido as normas do cânone acima referido. A decisão, porém, não compete aos moradores da rua em frente, nem aos que, no café, encontram a solução para a problemática mundial, nem aos padres ditos avançados ou complexados, nem sequer aos cristãos da nova era. Muitos menos aos besteiros do apocalipse. A decisão está nas mãos do Sumo PontÃfice. Examinadas as circunstâncias, a ele que o nomeou, e só a ele, compete aceitar a renúncia. Dentro em breve será conhecida a decisão superior, que, pensamos, será religiosamente acatada. O tema já fez correr alguma tinta, por mais paradoxal que pareça, por pessoas que certamente escondem outros interesses, por detrás duma aparente preocupação pela Igreja Diocesana. Não admira. A técnica e os meios que, para eles justificam os fins, têm barbas de séculos. A Besta do Apocalipse vive em todos os tempos e lugares, criando as suas vÃtimas. Voltaire terminava os seus discursos no parlamento francês com aquela celebra frase: «Écraison l’infame». Esmaguemos a infame (A Igreja Católica). Passou Voltaire e todas as bestas apocalÃpticas, e a Igreja já vai no século XXI. Com D. Teodoro, ou outro bispo, a Igreja do Funchal também vai resistir à s investidas da besta, porque incluÃda nas promessas de vida eterna. Outro assunto, porém, é o julgamento que possamos fazer duma determinada pessoa, ou do bispo D. Teodoro de Faria, negando à priori, os seus méritos e toda a acção pastoral realizada durante estes vinte e três anos de pontificado, como se as acções, actividade e realizações pudessem ser escondidas e negadas por verborreias voltairianas. Como pelos frutos se conhece a árvore, vamos, a partir de hoje, publicar alguns testemunhos ou depoimentos de pessoas que tenham a ver, de perto, com a pastoral diocesana, e tenham privado de perto com o bispo D. Teodoro de Faria. Um madeirense ilustre e predominante na Igreja A sua nomeação como Bispo não surpreendeu, pois o seu notável trabalho apostólico era uma referência constante no Vaticano e para os madeirenses isso constituiu motivo de orgulho e alegria. A sua simplicidade de ser e estar no mundo é o testemunho da sua grandeza de alma, que se debruça tão preocupada e bondosamente sobre os problemas dos demais. Conheço o Senhor D. Teodoro de Faria desde o tempo em que ele frequentava os últimos anos do Seminário do Funchal. Era eu, então, um jovem repórter do “Jornal da Madeiraâ€. Dele e de um outro seu colega, Revo. Pe. Agostinho Gonçalves, falava com grande orgulho o seu saudoso mestre Pe. Dr. Abel, salientando os seus dotes humanos e de inteligência. É extremamente difÃcil, em breves linhas, falar-se de uma tão insigne personagem que, durante o seu percurso de vida, tem contribuÃdo de forma inequÃvoca, para enriquecer a comunidade de onde se insere. Tem possibilitado com os seus dotes, conselhos a que muitos seres humanos se reencontrem consigo mesmo. A sua notável acção apostólica vem desde os tempos em que era professor do Seminário. Nele os alunos encontraram sempre, não apenas o mestre competente, mas também o amigo sempre disponÃvel a ajudar. Deixa o ensino, e frequenta em Roma uma das Universidades Católicas - na “Cidade Eterna†granjeia a simpatia e amizade de professores e colegas, e evidencia os seus dotes de inteligência. O seu encontro com esta cidade única no mundo, pela sua história, cultura e misticismo, possibilita-lhe um enriquecimento cultural profundo e humano sobre as sociedades e paÃses. Roma passa a ser uma espécie de casa-mãe onde se vai distinguir como Reitor do Colégio Português, criando amizades importantes no CÃrculo fechado do Vaticano. Com o seu espÃrito dinâmico e visão inteligente, constrói um novo Colégio Português, adequado à s exigências e comodidades do mundo actual; um edifÃcio de raÃz que satisfizesse as necessidades dos alunos que demandavam Roma para completar a sua formação. A sua nomeação como Bispo não surpreendeu, pois o seu notável trabalho apostólico era uma referência constante no Vaticano e para os madeirenses isso constituiu motivo de orgulho e alegria. A sua simplicidade de ser e estar no mundo é o testemunho da sua grandeza de alma, que se debruça tão preocupada e bondosamente sobre os problemas dos demais. Um dia, um ilustre Purpurado do Vaticano, referindo-se à sua pessoa, exaltou as suas excepcionais qualidades humanas e de Bispo, acrescentando que não era fácil ser Pastor de uma Diocese como a do Funchal. O seu interesse pelo saber é incessante, leva-o à Terra Santa e ali estuda - in loco - a Sagrada Escritura. Como Bispo ligado à Comissão do Apostolado da Emigração e Turismo é um peregrino na busca de intercâmbios e relações de amizades que mais fortaleçam as comunidades com conhecimento recÃproco das suas culturas e tradições. A sua obra na Diocese do Funchal está patente através de um apostolado que distribui benefÃcios sobre a sociedade local, com preocupações de ordem social e cultural. Ao Senhor D. Teodoro se deve a manutenção e criação de tantas obras de beneficiência e a conservação e restauro de um património religioso riquÃssimo. A construção de um arquivo diocesano onde estão guardados documentos preciosos que são história da diocese e da Madeira. O seu orgulho de ser madeirense constitui um forte traço da sua personalidade universalista e transmite-se em muitas das suas homilias. Os seus escritos revelam a sua vasta cultura, que aqueles com quem ele de perto convive logo se apercebem da sua versatilidade impressionante. Neste dia em que se celebra o seu aniversário, quis juntar a minha voz à de muitos outros madeirenses que têm recebido do Senhor D. Teodoro o conselho sábio e amigo, deixando este modesto apontamento que é preito da minha profunda gratidão e admiração e dizer-lhe quanto me sinto honrado e orgulhoso por ter na Diocese do Funchal, como Pastor, uma figura tão preponderante da Igreja - um madeirense ilustre que prestigia e exalta este nossa querida terra. João Carlos Abreu Relativizar o provisório e agarrar-se ao essencial Ao convite de D. Teodoro, o Dr. Gerardo Freitas integra o Conselho Permanente da Pastoral diocesana há cerca de quatro anos. Nessa qualidade, apresenta o seguinte depoimento: «D. Teodoro tem evidenciado uma grande abertura aos novos movimentos da Igreja, hoje em número sempre crescente. A formação e actualização do clero, dos leigos e dos consagrados têm estado na ordem do dia. Graças à sua intervenção, funciona a extensão da Universidade Católica Portuguesa, tendo sido possÃvel proceder-se à licenciatura em Ciências Religiosas. Também o funcionamento da Escola Teológica, e agora a Escola dos Ministérios. Não só se evidenciam as acções efectuadas todos os anos, na diocese, mas também a formação dos novos presbÃteros, em Lisboa, Paris e Roma, em diversos campos, nomeadamente na Liturgia, música sacra, direito canónico e comunicação social. Excelente comunicador, excelente conversador, ensina com pedagogia e autoridade cientÃfica e teologicamente bem fundamentadas. Sabe comunicar conteúdos profundos em linguagem simples e acessÃvel. Denuncia injustiças sociais, apresentando alternativas. Dizem os peregrinos ser excedente guia. Demonstra muita preocupação com os mais desfavorecidos, nomeadamente aos menores de idade, à s mães solteiras, aos imigrantes e também aos emigrantes em situações de dificuldade. Tem visitado muitas comunidades de emigrantes no estrangeiro, manifestando preocupação, sobretudo por aquelas que não são favorecidas pela presença dum Pastor, ou estão em muitas dificuldades, para cuja ajuda, apela à s organizações de solidariedade social e caritativas. É bastante evidente a sua preocupação em dotar as paróquias de leigos bem formados. Tem uma atenção particular em criar novos espaços de culto, e infraestruturas adjacentes. Graças ao Sr. D. Teodoro de Faria tivemos na Madeira a presença do Papa João Paulo II, e agora a do Cardeal Saraiva Martins da Cúria Romana. É notório o seu empenhamento no processo de beatificação do Beato Carlos de Ãustria, nos processos em andamento, da Irmã Jane Wilson, da irmã VirgÃnia e, futuramente, do Pe. Laurindo Pestana. Nota-se uma grande preocupação em preparar bem as grandes actividades diocesanas, expressando a vontade de que os chamados movimentos juvenis estejam presentes. Pessoalmente, sinto que é uma figura de caridade activa, eficaz e silenciosa. É um homem orante, contemplativo, que sofre silenciosamente e que muitas vezes se escusa a retribuir os comentários menos abonatórios para não alimentar polémicas desnecessariamente. Tudo muda, tudo passa, mas não Jesus Cristo, por quem o Sr. D. Teodoro de Faria tem e alimenta uma relação de comunhão muito profunda que o ajuda a relativizar o provisório e a agarrar-se ao essencial». Gerardo Freitas Diocese do Funchal Share on Facebook Share on Twitter Share on Google+ ...