A festa litúrgica de São Pedro que decorreu ontem na igreja da Ribeira Brava foi presidida por D. Teodoro de Faria e concelebrada por diversos sacerdotes. Um elevado número de pessoas participou na Eucaristia e na procissão que percorreu as principais ruas daquela vila.
Na homilia D. Teodoro de Faria fez uma reflexão sobre a missão de São Pedro e São Paulo, os dois apóstolos que ontem a Igreja celebrou, tendo salientado que “eles foram as duas colunas que fizeram nascer com o seu sangue a Igreja em Roma e depois em todo o mundo. Esse era o plano de Deus, pois era necessário que houvesse duas testemunhas fidedignas para anunciarem Jesus Cristo como Filho de Deus”.
Falando para um grande número de fiéis que enchiam aquele templo e parte do adro, o prelado funchalense recordou que a principal missão da Igreja é o anúncio de Cristo.
“Em certas épocas anunciar Jesus é difícil porque as pessoas não querem receber a Sua mensagem, preferindo fazer a moral à sua maneira. Muitas, embora se digam cristãs, escolhem a sua própria forma de o ser e até, muitas vezes têm vergonha de falar de Jesus” disse D. Teodoro de Faria.
O prelado acrescentou que “por vezes acontece que alguns sacerdotes, nas suas homilias, não falam muito de Jesus Cristo, preferindo aconselhar os fiéis a serem bons, honestos e caritativos. Olham primeiro para as pessoas e Cristo quase não aparece. Mas onde Ele é anunciado é nas igrejas. Até mesmo a catequese actual tem dificuldade em anunciar Jesus Cristo, de um modo especial aos novos, aos que se julgam sábios e actualizados. Cristo é uma figura que fica muito no passado e nem sempre é reconhecido como Deus”.
Depois de recordar que “Jesus não foi um filósofo qualquer, nem um condutor de massas, mas sim o Filho de Deus” o prelado funchalense referiu-se à sua participação em reuniões em Fátima com todos os bispos portugueses e alguns leigos de diversos sectores da sociedade, onde foi salientada a dificuldade que existe actualmente em anunciar a pessoa de Jesus Cristo, “pois nalguns meios de comunicação social, em especial na televisão, o que se diz sobre a Igreja é o mínimo”.
“Na televisão e na imprensa, dá-se um enorme espaço ao futebol parecendo que este desporto está em primeiro lugar. Eu nada tenho contra o futebol, e até gosto de futebol… mas quando vemos o espaço que lhe é dado em comparação com o que se diz de uma festa religiosa, verifica-se que nos noticiários a televisão transmite um ou dois minutos. Muitas vezes apresenta o bispo a dizer uma frase fora do contexto da homilia. Parece que não interessa muito falar de Cristo. E quando são citadas as minhas palavras não escolhem a Palavra do Evangelho, mas sim algo que eu tivesse dito no campo social, ou então parece que eu estou a picar alguém e não é isso que eu quero dizer. Aquilo que é central na pregação nunca aparece. Mas se houver um grupo de fiéis que se manifeste a favor do padre contra outro ou contra o bispo vão ter muito espaço na comunicação social”, alertou.
E acentuou ainda que “o que interessa é aquilo que poderá contribuir para a diminuição da fé e para depois dizerem que o Cristianismo está a acabar e que as igrejas estão vazias, o que é mentira”.
A situação da juventude actual foi outro dos temas desta homilia, tendo D. Teodoro sublinhado que “a diminuição de jovens na Igreja motiva por vezes a tendência de se fazer uma liturgia muito actual para os jovens com música semelhante à das discotecas. Eles ainda vêm a essas missas mas depois desaparecem”.
Falando das ocupações dos jovens, em especial no tempo de férias, o prelado funchalense concordando com as muitas diversões que são colocadas aos jovens, criticou alguns exageros, afirmando que “cada vez há espectáculos grandiosos com muita música e nos quais actuam artistas continentais e internacionais, que custam muito dinheiro, mesmo num tempo de crise económica. Em muitas destas festas a musica é feita para os jovens explodirem. E sabemos que nalgumas dessas festas há consumo de muita droga”
E acrescentou “temos de pensar no modo de ajudar a nossa juventude em ser alegre, sem se destruir, e a evitar que faça gastos excessivos num momento em que muitas das franjas da nossa sociedade tem grande dificuldade. Eu não quero atacar a juventude, até porque actualmente fazem-se coisas tão bonitas nesta área como nunca se fizeram. Há milhares de jovens que se oferecem para trabalhar nas férias em países de África suportando grandes dificuldades, aí construindo casas, trabalhando no ensino, e passam férias alegres pois ajudam os que mais necessitam”.
Sílvio Mendes