Os bispos da Guiné-Bissau, D. Pedro Zili e D. José Camnate, chegaram na manhã de 5 de Março a Portugal, para uma visita de 12 dias, na qual pretendem conhecer mais de perto a realidade dos guineenses em Portugal e contactar com as organizações que promovem projectos de cooperação nesse país, casos da Cáritas Portuguesa e da Fundação Evangelização e Culturas (FEC).
O programa da visita inclui também uma reunião com a secretária de Estado portuguesa dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Manuela Franco, dado que os responsáveis católicos confessam que o país “não tem recursos próprios”.
D. José Camnate refere à ECCLESIA que, entre os objectivos desta visita, está a vontade de conhecer a realidade da comunidade guineense em Portugal, o que vai levar estes dois bispos a reunir-se com associações e estudantes desse país que se encontram entre nós.
“Assim poderemos usufruir melhor das possibilidades de cooperação que possam nascer em Portugal, conhecendo também a Igreja local”, afirma.
“Temos proposto pequenos projectos, mas cheios de esperança”, refere à ECCLESIA D. Pedro Zili, que agradece o apoio dos portugueses à Igreja na Guiné.
Bárbara Almeida, do ISU, revela à Agência ECCLESIA que, da parte dos estudantes, foi elaborado um documento onde se destacam os temas da “integração e do regresso à Guiné, com os problemas financeiros e culturais que derivam dessas situações”.
Os prelados reconhecem que “muitos dos jovens que estão no país gostariam de sair, à procura de uma vida melhor, e tantos dos que estão fora voltariam se houvesse melhores condições”.
“Os que estão aqui devem saber aproveitar o que o povo português tem de melhor”, recomendam.
No Domingo, teve lugar uma Missa celebrada por D. Pedro Zili e D. José Camnate, no Pavilhão multiusos do Prior Velho (Lisboa), seguido de almoço e tarde festiva.
Esta foi uma ocasião, também, para os bispos guineenses falarem aos seus da actual situação no país, marcada pelo processo eleitoral. Nesse sentido, os representantes da comunidade islâmica foram, eles próprios, convidados para tomarem parte do encontro.
“Temos de continuar a reflectir, com as outras religiões, sobre os desafios que o nosso país nos apresenta e propor pistas de solução”, explica D. Camnate.
Os bispos da Guiné-Bissau publicaram na semana passada uma nota com o título "Às portas das eleições legislativas", onde pedem que a campanha eleitoral para as legislativas de 28 Março decorra sem violência “física ou psicológica” de modo a permitir que as pessoas decidam em liberdade.
D. Camnate vinca que é essencial que “as pessoas sejam competentes, honestas e dispostas a sacrifícios pelo povo da Guiné”.